Já foi dada a largada para o carnaval 2020 e os blocos de rua já fazem acontecer o pré-carnaval de Fortaleza, evento que já virou tradição na capital cearense.
Pingo de Fortaleza, músico e um dos fundadores do Maracatu Solar fala um pouco como o pré-carnaval de Fortaleza foi se consolidando na agenda cultural da cidade. De acordo com ele, para entender melhor sobre o pré-carnaval de hoje é preciso fazer um retrospecto histórico para saber que a festa aqui passou por um processo de esvaziamento na década de 1970 até meados da década de 1980 por conta dos carnavais nos litorais. “Nesse período as cidades começaram a criar seus carnavais populares e eles começaram a atrair as pessoas para os lá. Por conta disso, os carnavais de Fortaleza ficavam esvaziados”.
A mudança, na opinião do Pingo de Fortaleza, vem no início dos anos 2000. Nesse período, segundo ele, com nova gestão e novas implementações, o carnaval começa a ressurgir, principalmente através dos desfiles das agremiações carnavalescas que é o ponto inicial de resistência. Posteriormente alguns blocos começaram a surgir e isso foi fortalecendo tanto o carnaval como o pré.
Durante o “ciclo carnavalesco”, termo usado pela coordenação do Maracatu Solar para definir o período de pré e carnaval, a agenda de atividades do Maracatu Solar conta com debates, oficinas, apresentações e ensaios abertos ao público. Tudo isso culmina no carnaval com o cortejo na Domingos Olímpio e várias apresentações durante os quatro dias festa.
Alice Araújo, produtora do Bloco Hospício Cultural, informa que os preparativos para o pré-carnaval do bloco já estão em andamento. “O Hospício Cultural está ensaiando desde novembro para quando o pré chegar estarmos bem afinados. As camisas já estão prontas e o hino novo será lançado no dia 26 de janeiro. Agora é alinhar a produção e correr para a folia”.
“Até o momento temos fechados os dias 26 de janeiro, 02, 09 e 16 de fevereiro, na Praça João Gentil, das 15h às 19h. Dia 08 de fevereiro, vamos participar do pré-carnaval do MST, no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto (Rua Paulo Firmeza, 445, Bairro São João do Tauape), de 12h às 16h. E já temos convite para a ‘ressaca’ pós carnaval, mas ainda estamos aguardando a confirmação”, informa Alice sobre a agenda de pré-carnaval.
O Bloco Hospício Cultural surgiu a partir da vontade de amigos de curtirem o carnaval de rua, com as marchinhas. Uma das principais idealizadoras do projeto foi a poeta e produtora cultural, Marta Pinheiro. Veio dela o desejo de sempre ter convidados, dando espaço no bloco aos novos artistas. Como coletivo, Alice explica que o bloco está junto desde 2017. Formado por músicos, compositores, produtores e educadores, o bloco vem crescendo, em articulação com moradores do bairro Benfica, proprietários de estabelecimentos comerciais e com o poder público, de forma consistente e sustentável, ocupando de forma criativa os espaços públicos do bairro.
Mateus Perdigão é músico e um dos organizadores do Bloco Luxo da Aldeia. Ele informa que o Luxo da Aldeia já está em estúdio, ensaiando para as apresentações durante o pré-carnaval e carnaval de Fortaleza, criando arranjos novos e inserindo novidades em seu repertório. “O tema do Luxo da Aldeia neste ano é ‘O grito de Carnaval é um grito de liberdade’ e tem como objetivo ressaltar a importância da alegria como resistência em tempos de intolerância”, explica. Durante as quatro sextas-feiras que antecedem o carnaval, a partir do dia 24 de janeiro, o Luxo da Aldeia se apresenta na Praça do Ferreira, no Centro da Cidade, sempre a partir das 19h.
O Luxo da Aldeia, de acordo com Mateus, surgiu da ideia de valorização da música cearense. “A ideia do bloco é executar músicas carnavalescas de compositores cearenses e seus parceiros, num formato de banda com guitarras, bateria, baixo, etc. Há canções de compositores da década de 1950, de 1990, além de composições dos próprios integrantes da banda. O repertório também é marcado por frevo, marchas, sambas e maracatus”.
