Quem passou pela região da Boca Maldita, em Curitiba, no sábado (25), foi provocado a pensar. “Quantas professoras trans você já teve? Quantos colegas trans você tem no trabalho? Quantos dos seus amigos são pessoas trans?”. As perguntas saíam de uma caixa de som carregada por manifestantes da 2° Marcha Da Visibilidade Trans e Travesti do Paraná, parte dos atos da semana em que se celebra o Dia da Visibilidade Trans (29 de janeiro) e uma forma de mostrar, nas ruas, corpos que são colocados à margem pela sociedade.
“A gente tem muito problema de acesso à saúde, conseguir exames pelo SUS, por exemplo. No âmbito acadêmico e escolar também, muitas pessoas trans acabam saindo por sofrerem preconceito”, conta Kaito Dash, um dos organizadores das rodas de conversa para homens trans e transmasculinos que acontecem no Grupo Dignidade.
A fala de Kaito pode ser comprovada em estatísticas. De acordo com estudo da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cerca de 82% da população trans sofre com evasão escolar. Para acessar os tratamentos específicos via Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso laudo de psicólogo, psiquiatra e endocrinologista “comprovando” a transexualidade.
Além dessas dificuldades, a população trans segue sendo uma das que corre mais risco de morte no Brasil. Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o país lidera o ranking de violência contra transexuais e travestis. Em 2019, foram 124 casos de violência, entre assassinatos e agressões.