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ENTREGAS DA FOME

Quem entrega comida, passa fome: o paradoxo do prato vazio

Entregadores que usam bicicleta, especialmente os do Rio, são ainda mais vulneráveis

04.abr.2025 às 09h44
Rio de Janeiro (RJ)
Rodrigo 'Kiko' Afonso
Quem entrega comida, passa fome: o paradoxo do prato vazio

A informalidade, que no passado era uma exceção, virou regra com a 'plataformização' do trabalho - Fernando Frazão/Agência Brasil

Vivemos uma era marcada pela velocidade e pela conveniência. Pedimos uma refeição com dois toques na tela e, minutos depois, ela chega à nossa porta. Mas o que quase nunca vemos – e poucos querem enxergar – é quem está do outro lado da entrega. A pesquisa Entregas da Fome, recém-lançada pela Ação da Cidadania em parceria com o Instituto Djanira, escancara uma realidade brutal: os entregadores de comida por aplicativo, que movem esse sistema, enfrentam níveis alarmantes de insegurança alimentar. Muitos têm fome enquanto entregam.

Segundo os dados, 13,5% dos trabalhadores entrevistados no Rio e em São Paulo vivem em insegurança alimentar moderada ou grave – ou seja, enfrentam redução drástica de alimentos ou fome propriamente dita. Mais da metade vive algum grau de insegurança alimentar, e boa parte tem filhos menores em casa. São pessoas negras, jovens, periféricas, que se arriscam diariamente nas ruas das maiores cidades do país para garantir o mínimo – e, mesmo assim, não conseguem garantir nem o básico dentro de casa.

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Há um simbolismo perverso aqui: quem entrega comida, passa fome. E não se trata de uma metáfora. São trabalhadores que rodam até 10 horas por dia, sete dias por semana, sem direito a férias, proteção social, plano de saúde, ou garantias mínimas. 41% já sofreram acidentes de trabalho, e a imensa maioria precisa pagar do próprio bolso por celular, transporte e até mesmo por seguros, quando os têm. Apenas 27% contribuem para a Previdência – quase sempre com recursos próprios. É um sistema que lucra com a exploração e depois lava as mãos.

A informalidade, que no passado era uma exceção, virou regra com a “plataformização” do trabalho. As empresas se dizem intermediárias, mas controlam algoritmos, definem ganhos, impõem metas e punições. Quando interessa, são parceiras do progresso. Quando se cobra responsabilidade, viram apenas “tecnologia”. E tudo isso sob o véu da autonomia, como se o entregador fosse um empreendedor por escolha, e não por falta de alternativa. É o velho truque neoliberal da liberdade que só existe para quem pode escolher.

‘O lucro pode ser construído sobre corpos exaustos, feridos – e famintos’ – Fernando Frazão/Agência Brasil

A pesquisa também mostra que os entregadores que usam bicicleta, especialmente os do Rio de Janeiro, são ainda mais vulneráveis. Entre os que vivem com até meio salário mínimo per capita, a insegurança alimentar grave passa de 40%. São jovens que passaram pela pandemia sem rede de proteção, expostos ao vírus, ao desemprego e à precarização. Muitos abandonaram os estudos, outros nunca chegaram a ter oportunidades reais. O discurso do “bico” e da “flexibilidade” só mascara uma desigualdade estrutural.

É preciso dizer com todas as letras: a fome desses trabalhadores é uma violação de direitos. Não é falha individual, não é escolha, não é falta de esforço. É consequência direta de um modelo econômico que naturaliza a exclusão e transforma direitos básicos em bônus esporádicos. Alimentação adequada é direito humano. E quando esse direito é negado a quem mantém o sistema funcionando, a sociedade inteira adoece.

Estamos diante de uma bomba social. Se não houver regulamentação urgente, proteção trabalhista real e políticas públicas robustas de segurança alimentar, veremos esse cenário se agravar ainda mais. A economia de aplicativos não pode ser uma terra sem lei. Nem o lucro pode ser construído sobre corpos exaustos, feridos – e famintos.

Quem leva comida não pode voltar pra casa de estômago vazio.

* Rodrigo ‘Kiko’ Afonso é diretor-executivo da Ação da Cidadania.

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Vivian Virissimo
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