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Árvores de plástico

Paisagismo em Belém para COP30 gera críticas e reforça debate sobre racismo ambiental

"A cidade que é a porta de entrada da Amazônia precisa de árvores de verdade", aponta paisagista

04.abr.2025 às 17h19
Belém (PA)
Eraldo Paulino
Paisagismo em Belém para COP30 gera críticas e reforça debate sobre racismo ambiental

- Leonardo Macêdo / Ascom Seop

Após o governo do Pará inaugurar um trecho do Parque Linear da Doca, uma das principais obras da capital Belém para a COP30, no final de março, surgiu a notícia de que 88 árvores artificiais seriam colocadas no local. Mais 100 árvores, igualmente artificiais, seriam instaladas em outros pontos da cidade. Após críticas, o governo recuou colocando no local estruturas metálicas com vasos suspensos. O embate é mais um capítulo da luta dos moradores, que denunciam racismo ambiental e a falta de um projeto contextualizado e democrático de cidade para a Metrópole da Amazônia.

A arquiteta Naira Carvalho, responsável pelas obras do Parque Linear da Doca, em Belém, posou no final de março ao lado de uma árvore de plástico instalada nas obras, anunciando que cerca de 190 delas seriam instaladas na cidade para garantir sombreamento e beleza em locais onde árvores vivas não poderiam ser plantadas. A intervenção, inspirada nas plantas artificiais gigantes de Singapura, gerou reação negativa nas redes sociais e perante a opinião pública. Dias depois, o governo retrocedeu, justificando que as árvores de plástico eram um protótipo e, no local, seriam instaladas estruturas com ferro reaproveitado de obras com vasos suspensos e plantas ornamentais. A solução, no entanto, também causou insatisfação.

Vasos suspensos com estruturas de ferro em Belém – Eraldo Paulino/Brasil de Fato

“A cidade que é a porta de entrada da Amazônia precisa de árvores de verdade, que conseguem ter durabilidade, capacidade de equilíbrio ecológico, proporcionam a diminuição da temperatura, aumentam a umidade do ar, seguram barulho, poluição, poeira, chuva, formam chuvas, tudo aquilo que as águas nos trazem”, argumenta o botânico e paisagista Ricardo Cardim. Ele enxerga como um equívoco, ou pelo menos uma solução questionável do ponto de vista estético e ambiental, a inserção de “gaiolas de metal” com plantas, em alguns casos, estrangeiras.

Ricardo se preocupa que algumas dessas plantas possam, ainda, prejudicar a flora local no futuro. “Pelo que eu vi nas fotografias divulgadas, a gente tem espécies exóticas invasoras, reconhecidas pela ciência, sendo usadas nessas árvores, como a Tradescantia zebrina, uma espécie típica do sul da América Central e que é uma importante invasora da Mata Atlântica e que se cair na água de um rio na frente, por exemplo, pode também contaminar a floresta amazônica”, denuncia.

Paisagismo para quem?

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, com apenas 22,4% de arborização, Belém é a cidade menos arborizada do Brasil, mesmo que tenha como apelido histórico “cidade das mangueiras” devido os corredores dessas árvores que existem no centro da cidade, instaladas no período áureo da borracha, final do século XIX, para refrescar a elite local. Segundo o professor de geografia do Instituto Federal do Pará (IFPA) e pesquisador das questões urbanas da Amazônia, Tiago Santos, a realidade de rios e igarapés aterrados ou com matas ciliares removidas para dar lugar a beiradas cimentadas, embora não sejam um problema exclusivo das cidades amazônidas, são um desafio maior para a região devido à importância simbólica da defesa desse bioma na atual conjuntura.

“Pela grandiosidade do ecossistema, isso [aterrar e cimentar beiradas de rios] tem um impacto muito maior em relação às nossas cidades. Mas isso é um ideário. Quer dizer, para fazer uma cidade moderna, o que se pensou historicamente aqui para Amazônia, é necessário você vencer esses obstáculos da natureza, com a retirada da cobertura vegetal da floresta e o aterramento do rio. Por exemplo, ali no início do século XX, final do século XIX, criou-se uma narrativa de que rios, igarapés e demais corpos hídricos seriam lugar de atraso e de proliferação de doenças”, resgata Tiago. Por isso hoje, segundo ele, em um contexto de racismo ambiental, a maioria dos canais está localizada em territórios periféricos, e após intervenção de macrodrenagem tiveram as matas ciliares removidas, substituídas por concreto.

Boa parte dos moradores desses são oriundos de cidades do interior, territórios ribeirinhos. Ao ter acesso a esses espaços na capital, mantinham relação com os rios diante de suas casas, usufruindo de plantas medicinais, frutíferas ou pescando. Com o passar dos anos, a poluição e a concretagem removeram dessas pessoas o direito a essa relação. Segundo o coordenador da Ação para Cidadania no Pará, José Oeiras, que também é militante histórico pela reforma urbana e pela proteção de rios e mananciais de Belém, parte disso é culpa de uma cidade que cresce sem ouvir a população.

“Então, a cidade se transformou numa cidade de pedra, como se chama. Nos últimos 25 anos o crescimento de prédios para atender a uma classe média foi estrondoso. Esse problema a gente identificou, por exemplo, na discussão do Plano Diretor Urbano. Segundo o Estatuto da Cidade, Belém tem que fazer uma revisão do Plano Diretor a cada 10 anos, então está com quase cinco anos de atraso nesse processo. Há uma disputa desse pensamento nosso de preservação das florestas, dos nossos igarapés, com a visão do setor empresarial imobiliário”, denuncia Oeiras.

Às vésperas da COP30, após o governo já ter destinado mais de R$ 4 bilhões para obras na Região Metropolitana de Belém, a prefeitura municipal da capital paraense está iniciando o processo de revisão do Plano Diretor. A falta de escuta da população das favelas gera o que os moradores da Vila da Barca estão denunciando como segregação da COP. O bairro, que sofre com falta de políticas públicas em diferentes áreas, está localizado próximo à Doca, um dos metros quadrados mais caros da cidade, que atualmente recebe obras de embelezamento e mudas de plantas nativas da Amazônia para o evento.

Os moradores apontam também para o fato de que a Vila da Barca recebe os rejeitos das obras do parque, além de ser o local por onde está passando o esgotamento sanitário oriundo da região. “Para eles, o parque linear, para nós, estaremos recebendo nada mais do que o cocô da Doca. Estamos na Vila da Barca, onde há mais de cem anos resistimos para permanecer nesse território, mas décadas e décadas depois, a gente sempre é atacado de alguma forma. E dessa vez estamos sendo atacados com os dejetos que virão da área nobre de Belém”.

Editado por: Nathallia Fonseca
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