A indústria brasileira de transformação subiu para a 25ª colocação em um ranking global de desempenho em 2024, o melhor resultado ao menos desde 2019. Os dados são de estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base em informações da Unido (agência da ONU para o desenvolvimento industrial), obtido com exclusividade pelo jornal Valor Econômico.
O setor cresceu 3,2% no ano passado, superando a média mundial (2,3%) e revertendo a queda de 2023, quando o Brasil ocupou a 45ª posição. Foi a primeira vez em uma década em que a indústria nacional avançou sobre uma base que não estava deprimida, ou seja, sem depender de efeitos rebote após crises anteriores.
Entre os fatores que explicam esse desempenho estão medidas adotadas pelo governo federal, como o impulso fiscal com precatórios a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida e o novo arcabouço fiscal, que garantiu um piso para investimentos públicos. Também pesou positivamente a trajetória de queda de juros até maio e o aquecimento do mercado de trabalho.
Apesar dos avanços, o último trimestre de 2024 já apontou sinais de desaceleração: a produção industrial brasileira recuou 0,1%, enquanto o mundo acelerou para 1% no período. Para 2025, as projeções são mais modestas: crescimento de 1,6%, segundo o Valor Data.
Um dos principais fatores de incerteza é o cenário internacional. O “tarifaço” anunciado recentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, preocupa economistas brasileiros, que veem risco de desvio de comércio, quando exportações destinadas aos EUA são redirecionadas a outros mercados, inclusive o Brasil, aumentando a concorrência interna.
