Desde 1995, em Porto Alegre, acontece o acampamento indígena, onde os povos originários vendem seus artesanatos. Durante esses 30 anos, apenas em duas ocasiões o mesmo não pode acontecer, durante a pandemia. Por conta disso ele chega agora a sua 28ª edição, que acontece desde o dia 30 de março e segue até 20 de abril, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia), na capital gaúcha.
O evento que começou pequeno, na Praça da Alfândega, reunindo cerca de 100 indígenas, na atual edição conta com 600 participantes da etnia Kaingang vindos do interior do estado, da Terra Indígena da Serrinha, que é constituída pelas cidades de Constantina, Engenho Velho, Três Palmeiras e Ronda Alta.
“São 600 indígenas que vão estar aqui vendendo seus produtos, as suas cestarias, artesanatos. Esse acampamento vem com famílias inteiras, com mulheres, crianças, idosos, os anciões, os curumins, os cunhantãs. Estão todos aqui, em família, para fazer a venda dos seus produtos”, expõe Kate Lima, integrante do Comitê Gestor da Páscoa indígena 2025, da Secretaria Municipal da Inclusão e Desenvolvimento Humano, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
De acordo com ela, essa é a maior edição de sua história.

Estímulo à economia criativa indígena
Conforme descreve Lima, a realidade dos povos indígenas no estado é marcada por vulnerabilidade social e econômica. Além de desafios como a falta de demarcação de terras e o desrespeito a essas demarcações.
O RS registra a presença das seguintes etnias indígenas: os Kaingang (mais numerosos), os Guarani Mbyá, os Charrua, e em menor número Xokleng. Também a presença de indígenas Warau vindos da Venezuela, assim como os Ticuna, Macuxi, Baré, Kanela, Kubeo entre outras, que são advindas a partir da oportunidade de ingressar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e participantes do coletivo indígena da mesma.
Desde 1987 a prefeitura de Porto Alegre disponibiliza espaços públicos aos indígenas nas Feiras de artesanato na Praça da Alfândega e do Brique da Redenção. Contudo, no ano de 1995, o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia) foi cedido como lugar para a chegada dos indígenas da etnia Kaingang vindos do interior do Rio Grande do Sul.

Segundo explica ela, o acampamento tem a finalidade de produzir artesanatos para os indígenas comercializarem no centro de Porto Alegre, provendo assim, por meio da economia criativa seu sustento ao longo do ano.
O acampamento está acontecendo em união com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Conselho Estadual do Povo indígena (Cepi) , Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Departamento de Segurança Alimentar e Combate à Fome, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Sedes). E também órgãos da prefeitura de Porto Alegre, como a Secretaria Municipal da Inclusão e Desenvolvimento Humano, Secretaria Municipal de Saúde e Guarda Municipal.
O estado doou 400 cestas básicas para os indígenas no acampamento. “O estado veio fazer essa doação dessas cestas básicas para a subsistência desses indígenas. Porque eles têm que vender o artesanato no centro e levar esse dinheiro para se sustentar durante o ano nas terras indígenas”, finaliza Lima.

