O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, reconheceu o Brasil como “uma grande potência aeronáutica” em meio aos rumores sobre a suspensão da compra de aviões da empresa estadunidense Boeing, em retaliação às tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração foi dada em resposta a questionamento do Brasil de Fato/TVT, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (16), em Pequim.
Segundo Jian, “a China atribui importância à cooperação prática com o Brasil em vários campos, incluindo a aviação”. Ele ressaltou que o país “ficará feliz em ver as companhias aéreas chinesas cooperarem com o Brasil com base nos princípios de mercado”.
A informação da possível suspensão de importações de aviões da Boeing foi veiculada pela Bloomberg nesta terça-feira (15), citando fontes anônimas, o que fez as ações da companhia estadunidense caírem. No mesmo dia, as ações da Embraer tiveram alta. A empresa brasileira é a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, depois da Boeing e da Airbus.
Tarifas impactam situação já difícil da Boeing
Mesmo que suspensão não chegue a ser confirmada, a situação da norte-americana Boeing não é simples por conta das contra-tarifas implementadas pela China em resposta à política tarifária de Donald Trump.
As tarifas da China, de 125% a produtos dos Estados Unidos, começaram a ser aplicadas no dia 12 de abril. Essa nova taxa poderá se somar às já existentes no setor da aviação (de 1% a 5%), elevando-as para o patamar de 126%-130%, o que aumentou significativamente o custo para que empresas chinesas importem aeronaves e peças da Boeing.
Em 2024, as importações chinesas de helicópteros, aeronaves e peças somaram mais de US$ 12 bilhões, dos quais mais da metade (US$ 6,2 bilhões) foi de compras a empresas dos Estados Unidos, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China.
No ano passado, a norte-americana teve uma queda significativa nas receitas (US$ 66,5 bilhões), em comparação com o nível de 2023 (US$ 77,7 bilhões).
Logo no começo de 2024, a porta de um Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines abriu em pleno voo, o que levou a denúncia de falhas em outros aviões e uma auditoria da Administração Federal de Aviação (AFA) dos EUA. Em fevereiro, o órgão exigiu que a companhia apresentasse um plano para resolver “problemas sistêmicos de controle de qualidade”.