A dor não se curva,
o sofrimento não se reparte,
o silêncio atordoa,
a paixão não consentida leva à morte.
A paixão está presente, nos piores e melhores momentos. Mais ainda, seja ontem, seja hoje, seja sempre, a paixão da dor, a paixão imposta como tortura e preparação da condenação e crucificação.
A morte não tem volta,
especialmente numa cruz de madeira,
as mãos atadas,
os pés presos nos pregos,
na cabeça uma coroa de espinhos,
os carrascos levando à morte um inocente,
sem dó nem piedade,
a mando do poder estabelecido do império,
um condenado sem culpa
nem pecados.
Está crucificado porque amou os pobres
e as mulheres,
no anúncio e pregação de um Reino de justiça, amor e paz.
A morte deixa marcas profundas do que se passou, do que foi feito, do que se pregou, das palavras, dos gestos, da repartição do pão e do vinho, do amor dado e vivido ao redor das mesas, nas festas e na boa companhia.
A vida sempre vive
e sobrevive.
A vida é o dom de saber
que vale a pena o amor,
que vale a pena o perdão,
que vale a pena estar vivo,
que é urgente ser profeta,
e estar no meio do povo.
Não há vidas sem sentido se elas acontecerem no amor, na doação, na esperança, se elas forem capazes de cultivar o amor, de amar e ser amado, ser irmã, ser irmão.
A ressurreição sempre é milagre,
sempre é fé,
sempre é esperança,
sempre é futuro,
sempre é Boa Nova,
sempre é cuidado com a Casa Comum.
Nada acabou,
tudo ressurge na solidariedade,
na coragem de viver,
na ousadia de celebrar,
na alegria de conviver,
de comer junto, abraçadas-abraçados, a ceia dos justos,
a ceia do Bem Viver.
Ressurge e vive para sempre quem amou e deixou uma mensagem de vida. Jesus sofreu a paixão e a morte. Jesus amou. Jesus foi crucificado. Jesus viveu no meio do povo e com as multidões. Jesus rezou de mãos dadas. Jesus repartiu o pão com quem estava com fome. Jesus está vivo, ressuscitado.
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.