Depois de três dias de debates em plenário e nos grupos de trabalho a quarta edição do Congresso da Assufrgs (Conassufrgs), o Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), terminou com diversas recomendações baseadas nas conjunturas nacional e internacional.
O Conassufrgs, que não era realizado desde 2015, reuniu cerca de 200 delegados e delegadas eleitas nos locais de trabalho. Na noite de segunda-feira (14), a abertura contou com debate da conjuntura nacional e internacional. Na terça e quarta-feira, foram pautadas as políticas para a educação Pública, universidades e institutos e a estrutura e políticas sindicais, também foram definidos os rumos políticos da entidade sindical.

Os participantes aprovaram a criação da Coordenação de Diversidade e Combate às Opressões, com a competência de combater o machismo, racismo, sexismo, lgbtfobia, etarismo, capacitismo e demais opressões dentro da comunidade acadêmica e na sociedade, que foi considerado um avanço na luta sindical das Instituições Federais de Ensino (IFE).
Do ponto de vista nacional, o Conassufrgs decidiu se posicionar contra as reformas neoliberais e se colocar em luta contra a extrema direita, radicalizar a batalha contra o fascismo, com mobilização popular contra a anistia e exigindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. Além disso, resolveu travar um combate à lógica neoliberal da financeirização, ao arcabouço fiscal e a defesa do financiamento da universidade pública e dos pisos constitucionais da saúde e da educação.

Os participantes aprovaram ainda que a riqueza nacional seja investida nos direitos sociais com a devida transparência, o fortalecimento da política industrial e o desenvolvimento nacional, a valorização da ciência e o combate ao negacionismo científico e climático. A solidariedade aos povos indígenas e quilombolas, a reforma agrária e defesa da agricultura familiar e a defesa dos direitos humanos também foram aprovadas. Assim como, a defesa do mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol/RJ).
Os delegados e delegadas também definiram propostas para a conjuntura internacional, como ser contra qualquer genocídio, priorizar e ampliar convênios de cooperação acadêmica na América Latina, com análise prévia da categoria, lutar pela vedação e rompimento de acordos da Ufrgs, da UFCSPA, do IFRS e demais IFEs com universidades e outras instituições do Estado sionista de Israel, bem como a indústria armamentista ligada ao genocídio palestino. Além de exigir o rompimento imediato das relações do Estado Brasileiro com o estado sionista de Israel.
Abertura do congresso analisou situação do país e do mundo
Na abertura do encontro, a recepção aos delegados e convidados, coube à coordenadora geral da Assufrgs, Maristela Piedade, que falou sobre a responsabilidade de organizar o congresso e o trabalho desempenhado pela entidade no período recente.
“Estamos à frente de uma entidade muito respeitada e aguerrida. Uma entidade que no último período, desde 2019, lutou contra o Future-se e um governo bastante hostil para a educação pública brasileira. Lutamos contra a PEC 32, a reforma administrativa proposta por aquele governo. No ano passado fizemos uma greve de mais de 100 dias, onde nós aqui no Sul ainda enfrentamos um obstáculo enorme, que foi a enchente. Nós aprovamos uma greve solidária e a Assufrgs cumpriu um importante papel social, de solidariedade com o povo gaúcho. Todos nós da categoria estamos de parabéns por aquele trabalho”, afirmou.
A análise de conjuntura internacional ficou a cargo de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal). Também participaram da mesa Bruno Lima Rocha, jornalista, cientista político e professor de relações internacionais, Samara Martins, vice-presidenta da Unidade Popular (UP), Altamiro Borges, jornalista, membro da coordenação do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, Lara Rodrigues, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e David Deccache, doutor em Economia pela Universidade de Brasília (UnB), coautor do livro Teoria Monetária Moderna: a chave para uma economia a serviço das pessoas e diretor do Instituto de Finanças Funcionais para o Desenvolvimento, e assessor legislativo na Câmara dos Deputados.
Em sua fala, Rabah fez uma análise do genocídio que vem sendo cometido pelo Estado sionista de Israel contra o povo palestino. Ele lembrou que “os grandes meios de comunicação, pela primeira vez, defendem abertamente o genocídio”. “A matança é gigantesca, por exemplo, hoje são mais de 63 mil pessoas já assassinadas. Em um genocídio tudo é obsceno, mas a matança de crianças é excepcionalmente obscena. 9930 crianças foram mortas em Gaza por milhão de habitantes”, ressaltou, lembrando que durante toda a Segunda Guerra Mundial este número foi de 2813 por milhão.
