O papa Francisco morreu às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, desta segunda-feira (21), aos 88 anos. À frente do cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos, Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro papa jesuíta e latino-americano.
O anúncio foi feito diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Câmara Apostólica. “O bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”, diz comunicado oficial do Vaticano. “Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
O governo da Argentina se manifestou sobre a morte do papa. “A República Argentina, um país com uma longa tradição católica e terra do papa Francisco, lamenta profundamente a partida de sua santidade”, diz o comunicado.
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, também publicou sobre o ocorrido. “É com profunda tristeza que recebo a notícia do falecimento do papa Francisco. Sua vida foi um testemunho de fé, humildade e amor ao próximo. Ele nos deixa um legado de serviço e comprometimento com os mais vulneráveis, valores que continuarão a nos guiar. Que Deus o receba em sua glória”, escreveu em suas redes.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o papa Francisco será lembrado por sua defesa por “um mundo mais justo, pacífico e compassivo”. “Ele inspirou milhões, muito além da Igreja Católica, com sua humildade e amor tão puro pelos menos afortunados”, disse.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, também lamentou a morte do papa e disse que “um grande homem e um grande pastor nos deixa”. “Nas meditações da Via Sacra, ele nos lembrou o poder do dom, que faz tudo florescer novamente e é capaz de reconciliar o que aos olhos do homem é irreconciliável. E pediu ao mundo, mais uma vez, a coragem de mudar de rumo, de seguir um caminho que ‘não destrói, mas cultiva, repara, protege’”, escreveu em seu perfil nas redes sociais.
“Caminharemos nessa direção, para buscar o caminho da paz, perseguir o bem comum e construir uma sociedade mais justa e equitativa. Seus ensinamentos e seu legado não serão perdidos. Saudamos o Santo Padre com o coração cheio de tristeza, mas sabemos que ele agora está na paz do Senhor”, concluiu.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também prestou homenagem ao papa em suas redes sociais. “De Buenos Aires a Roma, o papa Francisco quis que a igreja levasse alegria e esperança aos mais pobres. Unisse as pessoas entre si e com a natureza. Que essa esperança ressuscite incessantemente além dele”, disse Macron em sua publicação.
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que se encontrou com o papa no sábado de Páscoa (20), disse que seu “coração está com os milhões de cristãos em todo o mundo que o amavam”.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou estar “profundamente consternado” com a notícia. “Neste momento de luto e lembrança, minhas sinceras condolências à comunidade católica global. O papa Francisco será sempre lembrado como um exemplo de compaixão, humildade e coragem espiritual por milhões de pessoas em todo o mundo”, disse ele em uma publicação no X.
Pneumonia grave
Em novembro de 2023, o papa Francisco cancelou sua participação na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes, devido a uma gripe e inflamação pulmonar. No início de 2024, voltou a apresentar dificuldades respiratórias e precisou interromper um discurso no Vaticano, relatando estar com “um pouco de bronquite”.
A condição respiratória do pontífice se agravou em fevereiro deste ano, quando novamente não conseguiu concluir um discurso e precisou ser auxiliado por um assistente durante uma missa. Poucos dias depois, foi internado para uma cirurgia considerada “complexa” pelo Vaticano. Francisco recebeu alta em 23 de março, após 37 dias hospitalizado em Roma por conta de um quadro respiratório grave.
Neste Domingo de Páscoa (20), o pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, acenou ao público e desejou uma “feliz Páscoa” a todos os fiéis que acompanhavam a cerimônia. Logo após, ele passou a palavra para monsenhor Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, ler seu discurso, onde deixou um apelo para que cessem as guerras, principalmente na Faixa de Gaza.
No texto, Francisco denunciou “uma situação humanitária dramática e ignóbil” em Gaza e pediu um cessar-fogo. Também disse que “é preocupante o crescente clima de antissemitismo que está a se espalhar por todo o mundo”. “Não é possível haver paz onde não há liberdade religiosa ou onde não há liberdade de pensamento nem de expressão, nem respeito pela opinião dos outros”, destacou o pontífice em sua bênção.
“Quanta violência vemos com frequência também nas famílias, dirigida contra as mulheres ou as crianças. Quanto desprezo se sente por vezes em relação aos mais fracos, marginalizados e migrantes”, disse, em mais um trecho do texto.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 28 de fevereiro de 1998 e foi elevado ao cardinalato em 21 de fevereiro de 2001 – véspera da festa da Cátedra de São Pedro – com o título de cardeal-presbítero de São Roberto Belarmino, por São João Paulo II.
Ele foi eleito papa em 13 de março de 2013, contra a sua vontade – como ele mesmo admitiu depois – para substituir Bento 16. Bergoglio escolheu o nome Francisco, numa referência a São Francisco de Assis, com o qual orientou a igreja Católica durante o seu papado que encerrou nesta segunda-feira (21).