Os presidentes de Brasil e Chile, Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric, criticaram as tarifas extras impostas à maioria dos países do mundo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defenderam maior integração como forma de blindar as economias da região. As declarações foram feitas nesta terça-feira (22) durante visita do chileno a Brasília.
“Eu acho que nós, presidentes de países da América do Sul, deveríamos compreender que, isolados, nós somos muito fracos”, disse Lula, argumentando que a maioria dos governos da região privilegiaram apenas parte das populações. “Depois de construir a riqueza norte-americana, agora aparece um presidente que trata os latino-americanos como inimigos”, criticou o petista.
Lula também criticou a pressão dos EUA para isolar a China – maior parceiro comercial brasileiro.
“Eu não quero fazer opção entre os EUA ou a China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos e a China. Não quero ter preferência entre um e outro. Quem tem de ter preferência são os meus empresários que querem negociar. Eu quero negociar com todo mundo. Quero vender e comprar, fazer parceria”, ressaltou.
Já o presidente chileno defendeu uma maior união entre os países da região. “Hoje, em um cenário de incerteza mundial — principalmente em matéria econômica. mas não se limita somente a isso —, é mais importante do que nunca reafirmar nosso vínculo e dizer que aqui, na América do Sul, somos países amigos, e vamos seguir trabalhando juntos na defesa de princípios que nos importam, para o Chile e para o mundo: a democracia, o multilateralismo e a importância da liberdade de comércio em benefício dos nossos povos”, destacou.
“O Chile está contra uma guerra comercial, contra a politização arbitrária do comércio e defendemos com muita força nossa autonomia estratégica no mundo, tendo relações com diferentes países e regiões, sem ter de escolher entre um e outro”, complementou.
Durante a visita, foram assinados mais de 20 acordos de cooperação entre os dois países em áreas como agroecologia, segurança, inteligência artificial, cinema e defesa. A balança comercial favorece o Brasil, que este ano já tem acumulado quase US$ 15 bilhões (R$ 85 bi).