Moradores de Canoas, uma das cidades fortemente atingidas pela enchente de maio de 2024, ainda esperam respostas concretas do poder público diante dos impactos da tragédia. Neste sábado (26), às 15h, um grupo de atingidos realiza uma mobilização em frente à Casa de Bombas 6, no bairro Mathias Velho. Uma “luta por justiça, prevenção e reparação das perdas vividas pela população”, afirma a organização.
Entre as vozes que puxam o ato está a de Marta Julieta Xavier Martins, de 56 anos. Nascida e criada no bairro Mathias Velho, ela está entre as pessoas que não conseguiram retornar para sua moradia. “Perdi minha casa com a enchente há praticamente um ano e hoje moro na casa da minha filha de favor e nada foi feito pelo poder público.

Frente ao que considera omissão dos governos, Marta conta que decidiu mobilizar a comunidade com o apoio do Levante Popular da Juventude, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) e da Associação de Moradores da Getúlio Vargas.
A pauta da manifestação cobra moradia digna para as famílias atingidas, obras emergenciais nos diques, transparência na aplicação dos recursos e um plano de contingência para enfrentar novos desastres. Além da presença do governo nas áreas atingidas.
Dia de luta
A programação começa cedo e reúne diversas lideranças comunitárias, movimentos sociais e moradores afetados. Às 8h30, será servido um café da manhã coletivo na Associação de Moradores Getúlio Vargas (rua Erechim, nº 565, no bairro Mathias Velho), reunindo mais de 20 cozinhas comunitárias da região metropolitana, com participação de grupos ligados a movimentos como o Levante Popular da Juventude.
A partir das 9h, começam as atividades de mobilização e confraternização, que seguem ao longo da manhã. Às 11h, o superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sebastião José de Arruda Júnior, faz uma fala sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), voltado ao combate à fome e ao fortalecimento da agricultura familiar.
De tarde, a concentração para o ato principal começa às 14h30, em frente à Casa de Bombas 6 (rua Curitiba, nº 5.569). Às 15h inicia o protesto, com o objetivo de exigir ações concretas para evitar novos desastres e prestar homenagem às vítimas da enchente de 2024.
Organização comunitária
O ato foi organizado em um encontro ocorrido no dia 15 de abril que reuniu associações de moradores dos bairros Mathias Velho, Harmonia, Mato Grande e Fátima, e comunidades das vilas Getúlio Vargas e Bom Sucesso para discutir a situação do município após o desastre. Unidos pela dor e pela memória da enchente que destruiu suas casas, os moradores destacaram no encontro a falta de ação das autoridades públicas em relação ao problema estrutural que ainda afeta a região.
Segundo eles, o rompimento do dique na Casa de Bombas 6 foi o ponto crítico do desastre em Canoas, e o local continua sem qualquer providência significativa para a contenção de novos desastres. “O município tem que estar preparado para atender os cidadãos em caso de um desastre natural, a água já aprendeu o caminho”, afirma Marta, deixando um apelo aos moradores da região: “saia da zona de conforto e venha para a luta”.
