O Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional (FDDR) da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) debateu nesta segunda-feira (28), o primeiro de quatro temas: Transição ecológica e seu financiamento. O evento ocorreu no Salão Nobre da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSA), com mediação da jornalista Rosane de Oliveira.
O encontro contou com a abertura e participação do presidente da Assembleia, deputado Pepe Vargas (PT), do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Aloizio Mercadante, do governador Eduardo Leite (PSDB), do presidente do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE) e ex-governador, Ranolfo Vieira Júnior, da reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Márcia Barbosa, da professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Ana Rovedder e do economista Carlos Henrique Horn.
Antes da abertura oficial, Pepe Vargas foi anfitrião de um almoço que reuniu o governo do Estado, parlamentares, Mercadante, lideranças políticas, empresariais e sindicais no Salão Júlio de Castilhos da ALRS.
“O Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional (FDDR) é um espaço institucional da ALRS, que propicia o diálogo do Legislativo com a sociedade. Instituído em 1999, o FDDR tem um conselho deliberativo formado por entidades da sociedade civil organizada, universidades e órgãos públicos, que escolhe um tema central a ser debatido ao longo do ano. Ao final, apresenta propostas para os executivos estadual e federal e também matérias legislativas”, explica o presidente Pepe Vargas.
Em sua participação, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, apresentou as políticas do governo federal, com ênfase no Plano de Transformação Ecológica e nos mecanismos de financiamento para a transição ecológica, que tem como principais eixos Finanças sustentáveis, Adensamento tecnológico, Bioeconomia, Transição energética, Economia circular e Nova infraestrutura. Falou também do Fundo Clima, do governo Federal, plano que prevê investimentos de R$ 11,2 bilhões em projetos de mitigação e adaptação aos efeitos da emergência climática em todo o país.
“Um dos problemas centrais que enfrentamos é que não vamos reverter os problemas causados pela retração econômica, nem pela desindustrialização das últimas décadas para podermos encarar o desafio do crescimento sustentável numa realidade de crise climática sem estado. O estado será fundamental para enfrentar a crise climática”, afirma Mercadante.
Ele destacou as ações do governo e do BNDES para recuperar a indústria, o comércio e os serviços atingidos pela emergência climática do 2024.
No final de sua fala mandou um recado ao defender políticas para fomentar o que chamou de “neoindustrialização do país”. Segundo Mercadante, a indústria é peça chave para a retomada do crescimento, mesmo no contexto da crise climática. “Nós estamos de olho numa economia sustentável, mas o Brasil precisa crescer. E o setor econômico que gera economia com maior qualidade é a indústria”. Também aproveitou para alfinetar os que defendem o estado mínimo.
“O consenso de Washington não é consenso nem em Washington. Segundo este chamado consenso, o desenvolvimento viria com a redução do estado. Então, quem explica a China, a economia que mais cresceu”, ironiza. Ele defende um maior equilíbrio na economia brasileira entre agronegócio e indústria, para que o país não continue dependente do modelo atual, que, segundo ele, embora tenha resultados importantes, não corrige problemas históricos de concentração de capital e desigualdade.
Já Ranolfo Vieira Júnior, presidente do BRDE, trouxe o aspecto financeiro da transição no contexto do RS. O ex-vice-governador abordou principalmente o papel do BRDE no financiamento da transição ecológica no contexto estadual.
A reitora Márcia Barbosa reforçou a importância da pesquisa científica para o enfrentamento da crise climática.
Ana Rovedder tratou dos desafios sob a perspectiva da ecologia. Carlos Henrique Horn analisou a dinâmica econômica recente do Rio Grande do Sul.

Uma das conclusões de consenso é que a retomada do crescimento econômico do RS passa pela adoção de um novo modelo de desenvolvimento, baseado na sustentabilidade. Enfrentar a crise climática depende de uma construção coletiva que envolva todos os atores da sociedade, de forma a avançar na direção de uma transição ecológica justa.
Além de Transição ecológica e financiamento, o Fórum seguirá com mais três eixos, em Porto Alegre: sustentabilidade na indústria, comércio e serviços; sustentabilidade na agricultura e pecuária; e desigualdades regionais e sociais.
Após os debates na capital, o Fórum seguirá com nove encontros no interior do estado. A população poderá participar por meio de uma plataforma digital interativa.
Assista a íntegra do evento no YouTube.
O Consenso de Washington foi um conjunto de recomendações econômicas elaboradas em 1989 para países em desenvolvimento, com foco na América Latina, que visava implementar políticas neoliberais para lidar com a crise da dívida e promover o crescimento.
Artigo original publicado em Extra Classe.