Jovens de 16 comunidades em Curitiba, Campo Largo e Araucária participam de um programa de formação em agricultura urbana e agroindústria com foco em práticas sustentáveis e geração de renda. O projeto Comunidades e Cooperativas: Plantando e Produzindo Sustentabilidade é promovido pela Federação das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Paraná (Fecafes-PR), com apoio da Petrobras.
A formação tem duração total de três anos e será dividida em duas etapas. Ao longo dos primeiros 15 meses, 175 jovens recebem capacitação teórica e prática com acompanhamento de profissionais como agrônomos, nutricionistas, veterinários e economistas, além de assistência social e orientação pedagógica. Os participantes também recebem bolsa-auxílio mensal. A segunda etapa formará mais 175 jovens.
A iniciativa prioriza pessoas de 19 a 29 anos, sem renda familiar, moradoras das comunidades atendidas. Em Curitiba, o projeto atua nos bairros Tatuquara e Campo de Santana. Em Campo Largo, alcança bairros como Jardim Três Rios, Jardim Acácias, Jardim Florestal e outros. Em Araucária, as atividades ocorrem nas regiões de Tindiquera, Thomaz Coelho, Costeira e Capela Velha.
“A grande meta é a emancipação dos jovens e o fortalecimento dos vínculos comunitários”, afirma a coordenadora do projeto, Claudia Cartes Patrício, economista e mestre em Planejamento e Governança Pública. Segundo ela, a proposta vai além da formação técnica. “Não será apenas uma terapia ocupacional, mas uma possibilidade de emancipação econômica.”
A formação abrange desde a produção agroecológica certificada até a comercialização de alimentos. Também inclui o ensino sobre agroindústria e legislação para alimentos minimamente processados. Um terceiro eixo do projeto oferece assistência técnica a agricultores familiares que buscam a certificação orgânica. “Sonhamos com a integração entre campo e cidade, tendo agricultores e jovens urbanos como protagonistas do desenvolvimento comunitário e emancipatório”, diz Patrício.
A presidente da Fecafes-PR, Aline Pasda, destaca que a proposta “oferece uma alternativa de geração de renda baseada no cooperativismo e na economia solidária, com compromisso com o desenvolvimento local sustentável.”
A criação do projeto coincide com a aprovação da Lei Federal nº 14.935, sancionada em julho de 2024, que regulamenta a agricultura urbana no país. A norma busca ampliar a segurança alimentar, gerar renda e fortalecer práticas sustentáveis nas cidades.
Em Curitiba, a agricultura urbana já é regulamentada desde 2018 pela Lei Municipal nº 15.300, que permite o uso de espaços públicos e privados para hortas e jardins urbanos, desde que sem o uso de agrotóxicos. A cidade conta com hortas comunitárias implantadas pela prefeitura há mais de uma década, em parceria com associações de moradores e entidades sociais.
Dados do Instituto Escolhas, do Rio de Janeiro, apontam que, se ao menos 5% das áreas urbanas aptas à agricultura fossem utilizadas, 96% da população em situação de pobreza poderia ser beneficiada com a produção de alimentos nas cidades.
Para a coordenadora, a proposta representa uma oportunidade de transformar esse potencial em realidade. “Quem participa do projeto ajuda a levar comida saudável à comunidade e a fortalecer um modo de produção que respeita a natureza e as pessoas”, afirma Patrício.