Rússia e China se comprometeram a utilizar “todos os esforços para combater as crescentes tentativas de reabilitação da ideologia desumana do nazismo e da supremacia racial”, na principal declaração conjunta em razão da visita de Estado de Xi Jinping à Moscou, nesta quinta-feira (8).
A declaração conjunta foi feito em evento que marcou o anúncio de aprofundamento da parceria entre os dois países e a comemoração do 80º aniversário da vitória da União Soviética na Grande Guerra Patriótica (como é conhecida na Rússia a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 45), da vitória do povo Chinês na Guerra de Resistência à Agressão Japonesa (como os chineses chamam a Segunda Guerra Sino-Japonesa, entre 1937 e 45) e da criação da ONU (1945).
O documento afirma que “A Segunda Guerra Mundial tornou-se a maior tragédia da história da humanidade”. Rússia e China afirmam no documento ter uma missão comum: “a responsabilidade de preservar a memória histórica verdadeira da Segunda Guerra Mundial”.
“Sendo as principais frentes de batalha na Europa e na Ásia, a União Soviética e a China suportaram o impacto principal da Alemanha hitlerista — com seus satélites unidos sob sua bandeira — e do Japão militarista, tornando-se duas forças-chave na luta contra o fascismo e o militarismo”, diz a declaração divulgada pelo Kremlin.
Também se comprometeram a se “empenhar ao máximo” para combater a “reabilitação de ideologias de ódio do nazismo e da superioridade racial”, assim como “continuar se opondo à glorificação dos nazistas e seus cúmplices, ao ressurgimento do neonazismo, ao revanchismo militarista e a práticas que contribuem para a escalada de várias formas de discriminação racial, racismo, xenofobia e intolerâncias associadas”.
Condenação ao hegemonismo
Na única menção explícita aos Estados Unidos, o texto critica as tentativas dos estadunidenses e aliados de expandirem a presença da OTAN na região Ásia-Pacífico.
“A Rússia e a China consideram inaceitável a construção de blocos militares com viés antirrusso e antichinês com uma componente nuclear, o posicionamento de armas nucleares na região sob a fachada de ‘dissuasão ampliada'”.
A dissuasão ampliada é a doutrina desenvolvida pelos Estados Unidos na Guerra Fria, criando alianças militares como a OTAN e instalando “guarda-chuvas nucleares” na Europa e países na Ásia Pacífico, como Austrália, Japão e Coreia do Sul.
As duas potências do Sul Global também apelaram pela estabilização da situação no Oriente Médio e defenderam como única alternativa a resolução das “questões críticas” com a criação de dois Estados. “Esta proposta prevê a criação de um Estado Palestino independente, que coexista em paz e segurança com Israel”, dizem no documento.
Sobre o final da declaração conjunta, os dois países afirmaram “o compromisso dos países da América Latina e do Caribe de desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica baseada na igualdade, no respeito mútuo e na consideração dos interesses de cada um”.
Rússia e China querem fortalecer com todos os países interessados e as organizações da região, como a Celac, Mercosul, a Comunidade Andina, a ALBA, a Aliança do Pacífico e a Comunidade do Caribe