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Cidade das Letras: literatura e ...

A luta da UNEB de Brumado e o eloquente silêncio do governo da Bahia

A coluna Cidade das Letras: literatura e educação é mantida por Luciano Mendes de Faria Filho, que é pedagogo, doutor em Educação e professor  da U...
Universidade pública no interior não é luxo, é necessidade, é desenvolvimento

Por Maria Cecília Freire

Enquanto a comunidade acadêmica da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) em Brumado protesta há dias, ocupando ruas e redes sociais em defesa de um ensino superior digno, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) parece ter adotado uma estratégia peculiar: o mutismo absoluto.

Não se sabe se é por distração, desinteresse ou simplesmente porque a educação no interior não cabe em sua agenda, mas o fato é que, enquanto estudantes dormem em colchões e dão aulas em pátios por falta de salas, o Governo do Estado permanece emudecido.

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A UNEB-Brumado, há mais de 20 anos mendiga um espaço decente para funcionar. O antigo Colégio Estadual de Brumado (CEB), um prédio histórico e estrategicamente localizado, seria a solução óbvia. Mas, em um ato de desfaçatez administrativa, o governo parece preferir cedê-lo à prefeitura – que, pasmem, terá que gastar dinheiro público para adaptá-lo, só para depois desfazer as mesmas reformas quando (e se) a UNEB finalmente conquistar o espaço. Lógica? Zero. Desperdício? Total.

Os estudantes, é claro, não se conformam. Eles já ocupam o local, fazem aulas públicas, mobilizam a cidade inteira e até questionam, com ironia digna de um meme: “Jerônimo: Judas ou justo da educação pública?”. A pergunta é pertinente, afinal, o que explica que, em apenas 15 dias, o prefeito tenha conseguido o que a universidade não obteve em dois anos de processos? Será que o governador, que se diz defensor da educação, só escuta quem tem cargo político e não quem constrói conhecimento?

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Enquanto isso, cursos de excelência – como o de Direito, considerado um dos melhores da Bahia – são ministrados em condições precárias, professores dão aulas em pátios, estudantes se amontoam em salas improvisadas, e o governo, bem… o governo manda uma coordenadora de baixo escalão para ouvir (e não resolver) as demandas. Promessas foram feitas, mas, como de costume, nenhuma foi cumprida.

É revoltante ver que, em pleno 2025, ainda precisamos explicar que universidade pública no interior não é luxo, é necessidade. É desenvolvimento, é oportunidade, é justiça social, mas parece que, para o governador, Brumado e todo o sertão produtivo não merece mais do que migalhas.

Enquanto Jerônimo Rodrigues não sair do silêncio cúmplice, os protestos continuarão e a pergunta ecoará cada vez mais alto: de que lado ele está? Do lado da educação pública ou do descaso que perpetua a desigualdade? A UNEB em Brumado já deu sua resposta. Falta a dele.

Maria Cecília Freire é aluna do curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia (UNEB-Brumado) e editora do Jornal Notícias da Bahia

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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