O Ministério da Saúde de Gaza declarou nesta quarta-feira (21) que o exército israelense está alvejando deliberadamente geradores elétricos dos poucos hospitais do enclave ainda em funcionamento, para colocá-los fora de atividade. Na semana passada, ataques ao hospital Europeu de Gaza e ao hospital Nasser mataram 18 pessoas, deixando um jornalista ferido.
Segundo a Al Jazeera, 82 pessoas foram assassinadas nesta quarta em bombardeios israelenses, incluindo um bebê de uma semana. Em quinze dias, 886 palestinos morreram em bombardeios.
Palestinos ainda esperam distribuição de suprimentos
Palestinos de Gaza continuavam esperando nesta quarta-feira (21) a entrada da ajuda humanitária autorizada por Israel. No total, 93 caminhões com suprimentos básicos, como remédios, farinha de pão, equipamentos médicos e suplementos alimentícios para bebês entraram na região, mas a comida ainda não foi repartida.
“Ninguém está distribuindo nada. Todo mundo está esperando a ajuda, mas não recebemos nada”, disse Umm Talal Al Masri para a agência de notícias AFP. Al Masri é uma deslocada de 53 anos, moradora da Cidade de Gaza, e descreveu a situação como “insuportável”. “Estamos moendo lentilhas e massa para fazer alguns pães. Mal conseguimos preparar uma refeição por dia”, acrescentou.
Na segunda-feira, a ONU anunciou que havia sido autorizada a enviar ajuda, pela primeira vez desde que Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza em 2 de março, o que provocou uma grave escassez de alimentos e remédios. A entrega do auxílio, no entanto, sofreu um atraso, segundo a organização.
Ajuda “insuficiente”
Mas a ajuda que Israel permitiu não é nem de longe suficiente para uma população de 2,4 milhões de pessoas, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras. A organização chamou a decisão de “cortina de fumaça” enquanto continua o cerco. Estima-se que os itens que entraram na região sejam suficientes para manter apenas 15 mil pessoas dos 2,4 milhões de palestinos no local.
“A decisão das autoridades israelenses de permitir (a entrada de) uma quantidade de ajuda ridiculamente insuficiente em Gaza, após meses de cerco (…) mostra sua intenção de evitar a acusação de que está matando de fome as pessoas em Gaza, embora, de fato, as deixem apenas sobreviver”, afirmou em um comunicado Pascale Coissard, coordenadora de emergências da MSF em Khan Yunis, no sul de Gaza.
Exército israelense disparou contra diplomatas
A ONU classificou como “inaceitáveis” os “tiros de advertência” disparados nesta quarta-feira (21) pelo Exército israelense durante a visita de um grupo de diplomatas europeus à Jenin, na Cisjordânia ocupada, declarou o porta-voz do chefe da organização, que pediu uma “investigação completa”.
“Qualquer ameaça à vida de diplomatas é inaceitável”, reagiu imediatamente, em Bruxelas, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas. Alemanha, Bélgica, Irlanda e Egito condenaram os disparos, enquanto Itália, França e Portugal anunciaram que convocariam os respectivos embaixadores de Israel.
*Com Al Jazeera e AFP