O novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, eleito neste domingo (25), é um nome pouco conhecido do grande público e responde a processos na Justiça. O comentarista esportivo Hélio Alcântara, entrevistado no programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, nesta segunda-feira (26), considera a escolha do dirigente “complicada”.
“Ele enfrenta alguns processos na Justiça. […] Então, é um cara meio complicado. O pai dele ficou 40 anos como presidente da Federação de Futebol de Roraima. Fazendo o quê? Não sabemos. Esse camarada foi colocado lá [na CBF], mas ninguém conhece”, afirma.
Entre os processos mencionados por Alcântara estão denúncias relacionadas à regularização de terras em áreas de proteção ambiental e ainda uma acusação de envolvimento em um caso de desvio de verbas públicas quando Xaud era diretor geral do Hospital Geral de Roraima (HGR), em 2018. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Roraima (MP-RR), o esquema teria desviado R$ 1,38 milhão da área de saúde do estado. A ação está em tramitação no Tribunal de Justiça do estado (TJ-RR). “Cadê o R$ 1,38 milhão? Não sei, ninguém sabe”, questiona Alcântara.
O caso foi trazido à tona pelo UOL. Em nota enviada ao site, a defesa de Xaud afirma que “não há nenhum indício de irregularidade praticada, seja na esfera pública ou privada de Samir Xaud. Este fato será demonstrado no momento oportuno, nos autos do processo, após citação e manifestação de todas as partes”.
Xaud é médico, empresário e vice-presidente da Federação de Futebol de Roraima, estado com apenas dez clubes sem relevância no cenário nacional. Segundo Alcântara, sua escolha tem a ver com a política interna da CBF, marcada por disputas de poder e falta de transparência, e representa uma continuidade das práticas internas da entidade.
“Quem tirou o Edinaldo [Rodrigues, ex-presidente da CBF, do poder] também não é santo. São grupos políticos dentro da CBF e foi esse grupo que botou o Samir Xaud”, afirmou o comentarista. A eleição de Xaud teria sido articulada por um grupo que se sentiu traído por Rodrigues, que havia prometido uma gestão mais colegiada e, segundo Alcântara, acabou se tornando “um pequeno ditador”.
Um dos nomes por trás da articulação é Fernando Sarney, atual vice-presidente da CBF e filho do ex-presidente José Sarney. “Eles vão ficar de olho nessa grande boca da CBF pelo menos até a Copa do Mundo”, disse Alcântara. “O que interessa a esse grupo é que o Brasil seja hexa campeão porque eles vão sair como os responsáveis por isso. E as eventuais falcatruas vão ficar na miúda, como sempre.”
Ancelotti aposta em mescla de gerações, mas base da convocação veio da cúpula da CBF
Alcântara também comentou a primeira convocação da Seleção Brasileira sob o comando de Carlo Ancelotti, prevista para os amistosos de junho. Segundo ele, o treinador italiano “não é bobo” e optou por ouvir nomes de confiança, como os ex-jogadores Falcão e Júnior, além de delegar parte das escolhas ao diretor de seleções Rodrigo Caetano e ao ex-zagueiro Juan.
“Essa convocação não é dele exatamente. […] Os dois apresentaram essa lista para ele. Dentro daquela lista de 40 nomes, eles escolheram os 25”, explicou.
O comentarista destacou a presença de jogadores experientes como Casemiro (Manchester United) e Richarlison (Tottenham), mas também apontou apostas em nomes mais jovens e menos badalados, como o volante Andrey Santos (Strasbourg), o zagueiro Alexsandro (Lille) e o goleiro Hugo (Corinthians), que recebeu elogios. “Hugo merece essa convocação. Já mostrou em pouco tempo no Corinthians que é um belíssimo pegador de pênalti, um monstro no gol.”
Mesmo com pouco tempo até a Copa, Alcântara acredita que o técnico terá respaldo dos dirigentes. “Como os políticos são muito espertos, eles vão dar todas as condições para o Carlos Ancelotti trabalhar porque se o Brasil conquistar o título vai ser bom para quem está atualmente, ou melhor, desde ontem, como presidente da CBF.”
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