A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), acusada de atrair palestinos para morte na entrega de alimentos em Gaza e apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, fechou “temporariamente” nesta quarta-feira (4) os centros de ajuda no território palestino, depois que dezenas de pessoas morreram durante distribuições de alimentos. A entidade, no entanto, garantiu que reabrirá os locais na quinta-feira (5).
“Os centros de distribuição permanecerão fechados para reformas, reorganização e melhoria da eficiência”, afirmou a GHF.
A ONG iniciou suas operações há pouco mais de uma semana, depois que Israel suspendeu parcialmente o bloqueio total à Faixa de Gaza, que impedia a entrada de ajuda humanitária.
Esta decisão vem um dia após o anúncio de seu novo presidente, o pastor de extrema direita Johnnie Moore, ligado a Donald Trump e Benjamin Netanyahu. A nomeação do líder evangélico acontece após o ataque do exército israelense contra palestinos que buscavam comida na Faixa de Gaza, que deixou 27 mortos nesta terça-feira (3).
O ataque foi considerado pela ONU como um crime de guerra. “Ataques contra civis constituem uma grave violação do direito internacional e um crime de guerra”, enfatizou Volker Türk, Alto Comissário dos Direitos Humanos da ONU, durante coletiva de imprensa em Genebra na terça. O exército israelense afirmou que “os soldados deram tiros de advertência”, e que anunciou uma investigação.
No último fim de semana, 31 pessoas morreram no mesmo local e em circunstâncias similares, segundo a Defesa Civil de Gaza. A ONU e muitas ONGs se recusam a trabalhar com esta organização porque desconfiam de seus protocolos de atuação e de sua neutralidade e temem que ela tenha sido criada para servir aos objetivos militares de Israel.
O Conselho de Segurança da ONU votará nesta quarta-feira um projeto de resolução para pedir um cessar-fogo e acesso humanitário a Gaza, mas o texto pode ser vetado pelos Estados Unidos. A Defesa Civil de Gaza anunciou as mortes de 12 pessoas nesta quarta (4) em um ataque israelense contra uma tenda que abrigava palestinos deslocados perto da cidade de Khan Yunis.
“Ainda ontem, dezenas de pessoas foram dadas como mortas em hospitais depois que as forças israelenses anunciaram que haviam aberto fogo. Esse é o resultado de uma série de decisões deliberadas que privaram sistematicamente dois milhões de pessoas do essencial para sua sobrevivência”, escreveu Tom Fletcher, funcionário da ONU, em um comunicado.
“O mundo está observando, dia após dia, cenas horríveis de palestinos sendo alvejados, feridos ou assassinados em Gaza enquanto simplesmente tentam comer”, disse Fletcher. “Ninguém deveria ter que arriscar a vida para alimentar seus filhos.”
Nas últimas 24 horas, o exército israelense matou 95 palestinos e deixou outros 440 feridos ao longo de toda a Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
O genocídio cometido por Israel já matou mais de 54.660 palestinos, cerca de 70% deles, mulheres e crianças. Todos os mais de dois milhões de habitantes de Gaza sofre de desnutrição crônica, resultado do uso da fome como arma israelense.
*Com Al Jazeera e AFP