Um ato em apoio ao povo palestino foi realizado neste domingo (15), em Porto Alegre, nos Arcos da Redenção, reunindo centenas de manifestantes. O evento na integrou uma série de protestos que ocorreram em diversas cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Boa Vista, Goiânia e Fortaleza. Os participantes entoaram gritos de “Palestina livre” e defenderam o direito de existência de um Estado soberano para o povo palestino.
Uma das pautas centrais levantadas na manifestação foi o pedido para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rompa relações com Israel e suspenda parcerias nas áreas de produção de armas e petróleo. Essa demanda ganhou um reforço significativo com a entrega, em Paris, de uma carta ao presidente, assinada por mais de 12 mil brasileiras e brasileiros. O documento, organizado pelo movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS Brasil), exige que o governo federal adote medidas concretas diante do que descrevem como genocídio em curso na Faixa de Gaza.

Um trecho do documento destaca a urgência das ações: “demanda ações efetivas, como o rompimento imediato das relações diplomáticas e comerciais com Israel”. A carta também pede o fim do acordo de livre comércio Brasil-Israel, a suspensão da cooperação militar e o embargo energético, entre outras sanções. A iniciativa conta com o apoio de importantes nomes da cultura, do direito e da política brasileira, incluindo artistas como Chico Buarque e Ney Matogrosso, juristas, parlamentares e diversas organizações da sociedade civil, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, pontuou durante o ato que “o Brasil tem que romper relações com Israel” porque está diante de um “genocídio, praticado deliberadamente pelas autoridades daquele país”. A central sindical também reforçou seu compromisso em se opor a essa política e exigir o julgamento dos crimes em cortes internacionais.
A militante Cláudia Santos, da Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino, avaliou que a mobilização nas ruas tem um papel essencial na ampliação da consciência popular e na construção de uma frente ampla de solidariedade ao povo palestino. Segundo ela, os protestos contribuem tanto para a difusão de informações quanto para estimular a participação de mais organizações.
Santos declarou que, ao participar das atividades, além de sentirem estar “fazendo algo frente ao genocídio, as pessoas vão aprofundando sua consciência sobre a importância de isolar o Estado Genocida Israelense e encontrando novos caminhos, mais criativos para alcançar esse objetivo”.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio Grande do Sul (CTB-RS), Guiomar Vidor, ressaltou a necessidade do mundo inteiro se posicionar contra a morte de inocentes na Faixa de Gaza. Para ele, as manifestações atuais “devem ser só o início de uma grande mobilização nacional e mundial contra essa política de genocídio”.
Ele também traçou um paralelo histórico. “Agora nós damos início aqui a uma grande jornada, nós não vamos aceitar o que o nazismo fez com eles, que eles façam com os palestinos”, disse.

A deputada federal Fernanda Melchiona (Psol/RS) destacou que os eventos recentes enviaram uma mensagem global sobre a “barbárie e o autoritarismo promovidos pelo Estado de Israel”. Ele enfatizou a necessidade de “ampliar as mobilizações num grande ato convocado com antecedência, que seja num dia de semana, para que o povo do centro da Capital possa ver a força da mobilização”.
Melchiona também relatou que a Frente Palestina, em reunião com o embaixador Celso Amorim, cobrou do governo brasileiro o imediato “rompimento de relações comerciais e diplomáticas com o Estado genocida de Israel”.
O vereador de Porto Alegre Pedro Ruas (Psol), ao se manifestar, afirmou que o “genocídio em relação à Gaza e aos palestinos” afeta todo o Oriente Médio e pode levar a uma guerra mundial. Ele expressou que “Gaza é o limite da humanidade”, argumentando que quem não se importa com Gaza não se importa com o ser humano. Ruas concluiu que é fundamental “pressionar o governo brasileiro” e que manter relações diplomáticas com Israel é “o mínimo a fazer neste momento”.
Os participantes dos atos têm exigido do governo brasileiro o cumprimento da legislação e convenções internacionais de direitos humanos, além de seguir as decisões da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional. A situação humanitária na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, registrou mais de 54 mil palestinos mortos e cerca de 124 mil feridos desde 7 de outubro de 2023. A ONU alertou para o risco iminente de fome para aproximadamente 470 mil pessoas, com toda a população de Gaza enfrentando grave insegurança alimentar.
