Enquanto o mundo assiste ao genocídio promovido por Israel contra o povo palestino, hospitais são bombardeados, crianças são amputadas sem anestesia e o acesso a água potável vira raridade. A guerra não é apenas contra qualquer governo ou organização: é contra qualquer possibilidade de viver.
A Faixa de Gaza segue sendo um cenário de escombros e dor. As imagens são desoladoras. Não restam muitas estruturas funcionando. Há poucos meses, Israel bombardeou o último hospital especializado no tratamento de câncer. Um centro de referência que, apesar das dificuldades, ainda era um sopro de esperança para pacientes oncológicos. Explodiram o hospital e com ele as possibilidades de tratamento para centenas de pessoas. Isso não é efeito colateral – é método.
A Organização Mundial da Saúde, a ONU e diversas agências humanitárias têm alertado de forma insistente: há uma catástrofe sanitária em curso. Metade dos hospitais de Gaza foi destruída ou está fora de funcionamento. Os que ainda funcionam operam sem anestesia, sem combustível, sem antibióticos, sem nada. O sistema de saúde ruiu. E esse colapso não é obra do acaso. É o resultado direto de ataques sistemáticos contra instalações de saúde, ambulâncias e profissionais.
Mas não é só a bala e a bomba que matam. A fome também segue sendo uma realidade para grande parte da população. Crianças estão morrendo de desnutrição e sede. A água potável é quase inexistente. Doenças infecciosas estão espalhadas, sobretudo entre os mais vulneráveis. Hepatite, diarreia, infecções respiratórias. Tudo isso em um território cercado, sem possibilidade de fuga, sem corredor humanitário efetivo.
Talvez um dos retratos mais cruéis desse genocídio esteja nas crianças. São vários os relatos na imprensa de crianças amputadas sem anestesia adequada, porque os hospitais não têm mais condições de operá-las com dignidade. São meninos e meninas que perderam não só membros, mas pais, irmãos, lares. Uma geração inteira marcada pela violência, pela dor e pelo abandono internacional.
É preciso reforçar o óbvio: a destruição deliberada da infraestrutura de saúde é crime de guerra. Bombardear hospitais não é um erro estratégico, é uma violação grave do Direito Internacional Humanitário. E nada disso acontece escondido. O mundo inteiro vê. E muitos escolhem o silêncio.
Do lado de cá, temos o dever de continuar falando sobre este massacre. Como profissionais da saúde, como seres humanos. Não há neutralidade possível diante da barbárie. Defender o direito à saúde é também denunciar sua destruição. Gaza está sendo reduzida a pó. E junto com ela, os corpos, os sonhos, as memórias e as possibilidades de futuro de um povo inteiro.