O maior vazamento de dados já registrado expôs mais de 16 bilhões de logins e senhas, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (20) por pesquisadores da Cybernews, veículo independente sobre segurança cibernética. Segundo o especialista em cibersegurança Rodolfo Avelino, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a tendência é que casos como esse se tornem cada vez mais frequentes. Ele destaca ainda que muitos deles sequer chegam a ser divulgados.
“[O vazamento de dados] vai aumentar. Nós vamos ter recorrentemente várias outras notícias de vazamento. Tem muitas que já aconteceram e que não foram divulgadas ainda”, prevê. “É um grande problema porque o login e senha é a nossa credencial, a chave para que acessarmos os principais sistemas que utilizamos diariamente. Esse tipo de vazamento nos preocupa com relação sobretudo ao que pode acontecer daqui para frente”, afirma.
Ele lembra que as empresas que armazenam informações têm responsabilidade legal sobre esses dados. “No Brasil, temos a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que coloca direitos e deveres, sobretudo um papel para quem faz a custódia de dados pessoais e sensíveis, como uma senha por exemplo, de que haja a comprovação de controles de segurança eficientes. Então, de fato, as empresas possuem essa responsabilidade”, diz.
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No entanto, segundo o professor, os vazamentos nem sempre acontecem apenas por falhas internas das corporações. Muitas vezes, criminosos agem quando há instalação de aplicativos inseguros e o clique em links maliciosos. “Estamos suscetíveis a várias técnicas invasivas aos nossos dispositivos, como os cookies. Precisamos deles para o funcionamento [dos sites], mas eles [hackers] utilizaram malwares, que são softwares maliciosos, para a captura de tudo que fazemos e digitamos nos nossos dispositivos”, explica.
Avelino também ressalta que, além de explorar falhas de empresas, os golpistas se aproveitam de períodos de maior vulnerabilidade, como as tentativas de aposentados de reaver valores indevidamente descontados. Isso explicaria o alto número de senhas vazadas de pessoas que se comunicam por meio da língua portuguesa, segundo o especialista.
Como se proteger, segundo o professor:
- Troque sua senha sempre que houver suspeita de vazamento. “Sempre que houver algum tipo de suspeita de que a sua senha seja violada, a primeira orientação é que você faça a alteração”, recomenda.
- Ative a verificação em dois fatores. “Nesse momento, é importante que faça essa habilitação: além da senha, atribua um segundo fator de autenticação. Pode ser por meio de biometria digital ou facial, ou uma segunda contrasenha, que pode vir via SMS ou e-mail”, orienta.
- Tenha cuidado ao clicar em links ou instalar aplicativos. “Temos que ter muita atenção ao instalar um aplicativo e ao clicar em um link porque basta uma execução mal feita no nosso dispositivo para ficarmos totalmente vulneráveis a esse tipo de exploração”, indica.
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