O Irã não pretende retomar as negociações sobre o tema nuclear com os Estados Unidos, ao contrário do que foi anunciado pelo presidente estadunidense Donald Trump. De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, “as negociações estão fora de questão por enquanto”.
“As especulações sobre a retomada das negociações não devem ser levadas a sério”, declarou Araghchi, na televisão pública iraniana, nesta quinta-feira (26). “Ainda não há nenhum plano para iniciar negociações”, acrescentou. No comunicado, o ministro condenou a cumplicidade dos Estados Unidos com Israel nas investidas contra o Irã.
As declarações são uma resposta a Trump. No dia anterior, o presidente dos Estados Unidos havia garantido que falaria “na próxima semana com o Irã” e mencionou a possibilidade de assinar um acordo sobre o programa nuclear de Teerã.
Antes dos ataques, o programa nuclear iraniano foi objeto de várias rodadas de negociações entre Estados Unidos e Irã, iniciadas em abril, com a mediação de Omã. Com os bombardeios israelenses, que tiveram início em 12 de junho, os diálogos foram suspensos.
No dia 21 de junho, os Estados Unidos entraram na guerra, bombardeando três instalações nucleares iranianas.
A justificativa para as ofensivas é de que o Irã estaria enriquecendo urânio em 60%, o que indicaria a capacidade do país de chegar a níveis mais altos de tratamento do material, possibilitando o seu uso bélico. Até o momento, nada foi encontrado.
Em sua primeira declaração desde o início da trégua, realizada na TV pública nesta quinta-feira (26), o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que Trump exagerou sobre o impacto dos ataques contra as instalações iranianas.
“Eles falharam em alcançar seus objetivos”, afirmou o aiatolá. A versão do presidente estadunidense já havia sido questionada por um relatório do setor de inteligência do Pentágono.
O documento, que vazou e foi publicado pela emissora CNN, traz informações de que os ataques dos Estados Unidos não destruíram o programa nuclear iraniano e provavelmente apenas o atrasaram por alguns meses e não “por anos”, como diz Trump.
O governo iraniano defende seu direito de realizar enriquecimento de urânio para uso pacífico e nega as acusações sobre a intenção de adquirir uma bomba atômica.
