Professores da rede estadual de São Paulo continuam mobilizados contra os ataques do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à educação pública e aos servidores. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a deputada estadual Professora Bebel (PT), também presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), denuncia a precarização das condições de trabalho da categoria e critica a política educacional do governo como sendo “punitiva” e “excludente”.
Após pressão da parlamentar e de entidades sindicais, a gestão estadual enviou à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um projeto que complementa o reajuste de 6,27% para parte da categoria. Mas a deputada afirma que o valor é irrisório. “Vai diminuir a diferença entre quem ganha piso e quem não ganha o piso salarial profissional nacional. Mas é ínfimo. A diferença entre o que recebemos e o piso é de 40%”, compara.
Ela relata que o projeto foi enviado com atraso, apenas após muita pressão, e deve ser votado na próxima terça-feira (1º). “Acabamos conseguindo por força de pressão. Sempre tinha uma desculpa. […] Eu acredito que o ano que vem nós não teremos reajuste. Vai ter muita luta porque não podemos ficar nessa situação triste de pauperização”, avisa.
Bebel destaca que a rotina imposta aos professores é tão desgastante que muitos sequer conseguem se alimentar adequadamente. “Não temos nem tempo de comer. Por isso colocamos a alimentação também no conjunto da pauta. Não temos o direito de comer a comida da escola. Jogam fora, mas não podem dar para o professor”, denuncia.
Avaliação pune professores
Um dos principais pontos criticados é a avaliação de desempenho imposta pelo governo, vista por professores como um instrumento punitivo e excludente. “Essa avaliação é subjetiva. Professores fazem prova, depois são avaliados por estudantes. Mas não consideram aquilo que chamamos de equidade, as condições de trabalho. A avaliação não é para dar salário, por isso é punitiva. Ela, na verdade, tem que ser diagnóstica, para corrigirmos os rumos, para caminharmos para a qualidade da educação, para ver onde estamos falhando”, defende.
Ela indica que o modelo pode gerar demissões e distorções salariais. “Todo mundo tem reajuste sem prova. E nós temos que fazer prova para ter reajuste. Eles podem calibrar, isso já aconteceu. […] Vai criando distorções nos nossos salários. Nós vamos lutar veementemente contra essa pauta. Para punir e excluir, eu sou contra”, afirma. “O estudante vai me avaliar e ajudar a me demitir? Viramos motivo de piada. Teve até TikTok de aluno dizendo ‘chegou a sua vez, agora vou te dar zero’. Você acha isso sério?”, questiona.
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação disse por meio de nota que “mantém diálogo permanente com a categoria. O acompanhamento constante do desempenho de docentes e gestores das escolas da rede visa o aprimoramento e qualificação da gestão das escolas estaduais paulistas, assegurando o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.”
“Todas as métricas utilizadas são publicadas por meio de portarias e resoluções, de forma que sejam amplamente difundidas em toda rede. A oferta da alimentação escolar segue o estabelecido no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.”
Para ouvir e assistir
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