O presidente russo, Vadimir Putin, fez duras críticas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta sexta-feira (27), afirmando que o Ocidente atualmente passa por um “frenesi militarista” sustentado por uma suposta “tese da agressividade russa”. Ao reiterar a justificatica de Moscou para a guerra da Ucrânia, Putin afirmou que é o Ocidente que ameaça a Rússia e a causa do conflito é a expansão da aliança militar.
A declaração foi durante a cúpula da União Econômica Eurasiática, realizada nos dias 26 e 27 de junho em Minsk, Belarus. O presidente russo aproveitou a oportunidade para condenar o projeto de rearmamento da Europa, citando a decisão da Otan de aumentar os gastos com defesa.
“Há um frenesi militarista no Ocidente, justificado pela tese da agressividade da Rússia. Mas é o contrário. Eles consideram 2022 o ano limite, mas tudo começou antes – quando fomos enganados, ludibriados pela [tese de] não expansão da Otan. Dizem que temos problemas com o exército e, ao mesmo tempo, dizem que queremos atacar a Otan. Onde está a lógica? Planejamos reduzir os gastos com defesa, e a Europa está fazendo o oposto”, afirmou.
Vladimir Putin aproveitou também para criticar a política de sanções do Ocidente contra a Rússia, observando que as restrições produzem um efeito reverso para a economia europeia.
“Quanto mais sanções eles impõem, pior é para aqueles que as impõem. Eles nos enterram o tempo todo, mas eles mesmos vão se afundar. Nosso crescimento do PIB é de 4,3%, e na zona do euro é de 0,9%, e na Alemanha e na França há uma recessão”, acrescentou.
Propostas de paz ‘totalmente opostas’
Ao comentar o andamento das negociações russo-ucranianas, o presidente russo disse que os memorandos com as propostas para a resolução do conflito ucraniano, apresentados por Moscou e Kiev, em Istambul, são “totalmente opostos”, mas destacou que as negociações estão sendo realizadas para encontrar maneiras de aproximar as posições.
“Como esperado, estes dois memorandos são absolutamente opostos, mas as negociações estão sendo organizadas e realizadas para encontrar maneiras de aproximá-los, e o fato de serem totalmente opostos não é surpreendente”, disse ele a jornalistas durante sua visita a Belarus.
Putin observou que um dos pontos acordados nas rodadas anteriores das negociações previam a realização de novas conversações em Istambul, na Turquia, após a troca de prisioneiros entre as partes.
“Em geral, estamos prontos para isso, precisamos concordar sobre o local e o horário (de novas negociações). Espero que o presidente da República da Turquia, Sr. Erdogan, mantenha sua posição de apoio a este processo. Somos muito gratos a ele por isso”, disse ele.
Como resultado da segunda rodada das negociações em Istambul, Rússia e Ucrânia trocaram memorandos com propostas detalhadas sobre as condições de cada uma das partes para a resolução do conflito e também concordaram com uma nova troca de prisioneiros. No entanto, a Rússia rejeitou a proposta de um cessar-fogo incondicional e Kiev classificou as condições de Moscou como “inaceitáveis”. Não houve avanços concretos para a paz e a intensificação dos ataques de ambas as partes durante as semanas seguintes resultaram, pelo contrário, em uma escalada do conflito.