O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse nesta segunda-feira (30) que os Estados Unidos têm a guarda de 18 crianças venezuelanas. Ele afirma que os menores de idade foram “sequestrados” em meio à política de deportações do governo de Donald Trump, que enviou os pais de volta para a Venezuela sem seus filhos.
“É um exemplo de barbárie raramente visto na história da humanidade, crianças separadas de suas mães, de seus pais, de suas famílias. Levadas para instituições onde não deveriam estar, porque seu lugar é nos braços de suas avós, em suas casas, em suas terras, em sua pátria, que é a Venezuela”, afirmou.
Em declaração para a imprensa, Rodríguez lançou a campanha “Os Filhos são Nossos, Queremos Eles de Volta”. Ele estava acompanhado de familiares das crianças que seguem nos Estados Unidos e com fotos dos menores de idade. Segundo o presidente da Assembleia Nacional, a idade das crianças varia de 2 a 12 anos de idade.
Rodríguez é também o chefe das negociações com os Estados Unidos. De acordo com ele, o governo venezuelano está tentando por meio das vias diplomáticas o retorno mais breve possível das crianças.
“Temos um contato frequente com a Casa Branca para pedir o retorno deles. Que crimes eles cometeram? Por que eles estão sequestrados? Como eles violam dessa maneira a Declaração Internacional do Direito da Criança? Como podem ser tão bárbaros? Lá nos EUA, elas ficaram sob a responsabilidade de famílias que não os querem. E por isso foram passadas de casa para casa”, disse.
O congressista também comparou essa separação entre filhos e pais com os campos de concentração nazista e disse que os alemães usavam este mesmo método com os judeus. Rodríguez também pediu que o coordenador da ONU na Venezuela, Gianluca Rampolla, “faça seu trabalho e nos devolva essas crianças”. Ele também pediu “humanidade” à Casa Branca, e ao enviado especial Richard Grenell, que foi à Caracas em janeiro negociar o recebimento de deportados.
“Não vamos descansar até que eles voltem. Vamos às ruas exigir que devolvam nossos filhos e nossas filhas. São nossos e eles têm que devolver”, afirmou.
Ele também se dirigiu ao Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk. Rodríguez disse que ele atende aos interesses dos EUA e não denuncia as “atrocidades” cometidas pela Casa Branca. Na semana passada, o representante da ONU disse que o governo venezuelano “continua impondo o desaparecimento de detidos, incluindo estrangeiros”.
O venezuelano disse que o caso das 18 crianças se soma ao de Maikelys Espinoza, de apenas dois anos. O governo venezuelano chamou de “sequestro” a forma que o governo dos EUA tratou Maikelys. Segundo Caracas, os pais da criança são cidadãos venezuelanos, viviam nos EUA e foram deportados no plano de expulsões em massa de Donald Trump, acusados de fazer parte do grupo criminoso Trem de Aragua.
Ela então ficou sob a responsabilidade do Departamento de Segurança Nacional (DHS) dos EUA.
Deportações em massa
Durante a campanha eleitoral, Donald Trump anunciou uma política anti-imigratória com o objetivo de expulsar migrantes irregulares dos EUA. Para deportar venezuelanos em El Salvador, Trump usou a Lei de Inimigos Estrangeiros, alegando que pertenciam à organização criminosa Trem de Aragua, sem apresentar provas. Maduro questionou a falta de direito de defesa dos deportados.
Em abril, El Salvador propôs trocar 252 presos venezuelanos por 252 presos salvadorenhos, mas a Venezuela rejeitou a proposta. A Suprema Corte dos EUA suspendeu as deportações após um pedido da ACLU, que processa o governo pelas deportações. A Casa Branca concordou em suspender as deportações, mas pediu o fim da suspensão.
Um tribunal federal impediu o fim do Status de Proteção Temporária (TPS) para 350 mil venezuelanos. Em março, Caracas voltou a receber deportados dos EUA após um acordo com Richard Grenell. Após um desacordo sobre a licença da Chevron, a Venezuela suspendeu as deportações, mas os governos retomaram o acordo posteriormente.