O documentário Açu dos Desgostos (2025), do cineasta Pablo Vergara, mostra os impactos da expropriação de terras em São João da Barra, no norte fluminense, onde foi instalado o Porto do Açu, em 2009.
A produção revela histórias de famílias, muitas delas invisibilizadas, que sofreram perdas para dar lugar a um dos maiores empreendimentos portuários da América Latina. A construção do Porto do Açu envolve danos ambientais, violação de direitos e corrupção.
Em 2019, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral confessou que recebeu 16 milhões de dólares de Eike Batista para desapropriar mais de 7 mil hectares de terras no entorno do 5º distrito do Açu. Na época do despejo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizou uma resistência que durou 100 dias.
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Ao menos 1.500 famílias de pequenos agricultores que trabalhavam na terra foram atingidas com a implantação do porto, segundo estudos que estimam os impactos sociais na região.

O lançamento de Açu dos Desgostos ocorreu no último final de semana no sítio da dona Noemia Magalhães, moradora de São João da Barra reconhecida por enfrentar a especulação imobiliária na região. No local há uma exposição permanente, “Museu da Memória no Sítio Birica: Remanescentes da Terra”, com registros do fotógrafo Pablo Vergara.
O evento contou com a presença da diretora da Universidade Federal Fluminense (UFF-Campos) Ana Costa, além de movimentos populares e lideranças comunitárias em torno de uma programação cultural e de debates. As atividades incluíram uma apresentação de teatro político da companhia En la Barca, projeção do curta “A Convivência é uma Ilha”, de Fernando Codeço e o Grupo Erosão, e almoço agroecológico.

Na ocasião também foi apresentada a plataforma digital TerraPuri, um observatório socioambiental que articula dados, memórias e resistências nos territórios atingidos por grandes empreendimentos.