Vanessa Moreno não canta apenas com a voz. Ela canta com o corpo inteiro. No palco, transforma silêncio em som, gesto em música e vulnerabilidade em potência. Cantora, compositora e instrumentista, a artista tem se destacado como um dos nomes mais promissores da música brasileira contemporânea. Ao BdF Entrevista, da Rádio Brasil de Fato, ela falou sobre sua trajetória, os desafios de se colocar inteira diante do público e a importância da brincadeira e das parcerias para sua arte e para a vida.
“Estar no palco, numa primeira instância, para mim, é convidar as pessoas, me convidar — porque durante os dias, às vezes, eu esqueço isso também — para esse estado brincante, esse olhar mais lúdico e mais generoso conosco e com o mundo”, afirma. Para ela, o palco é também um espaço de escuta e transformação mútua. “Eu não canto nada que eu não precise ouvir. […] Preciso sentir de verdade para colocar aquilo para fora. E, ao mesmo tempo, ajudar o público a ressignificar aquilo junto comigo”, diz.
Vanessa ficou conhecida por apresentações criativas, nas quais objetos cotidianos, como caixa de fósforo, balde ou um simples saco plástico, viram instrumentos, e pela ousadia de misturar influências diversas, de Rosa Passos a Jackson do Pandeiro, de Rita Lee a Djavan. Acumula prêmios, participações em festivais e parcerias com grandes nomes da música brasileira, como João Bosco, Joyce Moreno, Edu Lobo e o grupo de metal Angra. Em São Paulo, já era um nome conhecido em circuitos atentos; no Rio de Janeiro, conquistou o público com uma temporada no projeto Terças no Ipanema.
Apesar do domínio técnico e da presença cênica marcante, Vanessa admite que estar vulnerável diante do público é um exercício contínuo. “É desconfortável, mas o palco, por incrível que pareça, é o lugar mais seguro para mim. Ali, eu estou autorizada a sentir”, revela. Segundo ela, esse espaço ajuda a levar mais honestidade também para a vida cotidiana. “Se eu consigo me lembrar disso na frente de outras pessoas, a probabilidade de buscar isso nos meus dias é maior”, reflete.
As parcerias são outro eixo fundamental de sua trajetória. A artista já dividiu a cena com o baixista Fi Maróstica, o pianista Salomão Soares e, mais recentemente, com Jota.pê e Tarcísio Santos. Para ela, criar junto é um modo de se transformar e de praticar a escuta. “Conviver com outras pessoas, fazer parcerias no palco e na vida me ajuda a entender sobre a sociedade, sobre mim, o meu lugar no mundo e fazer música. É estar nesse universo tentando praticar mais a escuta do que a fala. Você cresce cada vez mais conforme você vai fazendo parcerias”, reflete.
Para ouvir e assistir
O BdF Entrevista vai ao ar de segunda a sexta-feira, sempre às 21h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo. No YouTube do Brasil de Fato o programa é veiculado às 19h.