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MATRIZ AFRICANA

Pré-lançamento do Festival de Oxum exalta espiritualidade, resistência e pertencimento negro em Porto Alegre

Evento marca o início do Julho das Pretas e reforça a conexão entre religiosidade, meio ambiente e educação

02.jul.2025 às 17h04
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz
Pré-lançamento do Festival de Oxum exalta espiritualidade, resistência e pertencimento negro em Porto Alegre

Idealizado como um programa com várias ações ao longo do ano, o Festival de Oxum é organizado pela Rede dos Afroempreendedores do Rio Grande do Sul (Reafro/RS) e pelo Instituto Ecoa - Foto: Jorge Leão

Com tambores, cânticos e espiritualidade, o pré-lançamento do Festival de Oxum ocupou a Biblioteca Pública do Estado, em Porto Alegre, nesta terça-feira (1º), reunindo lideranças de matriz africana, representantes do poder público, artistas e a comunidade.

O evento, intitulado “Matripotência: a relação das Yabás com o meio ambiente”, foi uma celebração de pertencimento, resistência e cuidado com a natureza, marcando também o início do Julho das Pretas, mês de mobilização em torno do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho) e do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Idealizado como um programa com várias ações ao longo do ano, o Festival de Oxum é organizado pela Rede dos Afroempreendedores do Rio Grande do Sul (Reafro/RS) e pelo Instituto Ecoa. O projeto tem como eixo central o cuidado com o meio ambiente e o fortalecimento da identidade afro-brasileira, com sua culminância programada para os dias 6, 7 e 8 de dezembro.

“É a relação da matriz africana com a proteção das águas e com toda a educação ambiental da qual, em algum momento, nos perdemos. Agora, viemos retomá-la com força, cientes da necessidade de falar sobre proteção ambiental”, afirmou a idealizadora do projeto, Iya Itanajara de Oxum.

Itanajara também ressaltou a simbologia da orixá Oxum, associada à fertilidade, ao amor e à força das mulheres. “Ela, acima de tudo, foi uma mulher lutadora. Já em África, era chamada para as mesas de debate político por ser uma mulher à frente de seu tempo. E hoje, as filhas dessa orixá são exatamente assim: imbatíveis.”

A iniciativa surge em um contexto em que o Rio Grande do Sul, estado historicamente marcado pelo racismo estrutural, se destaca como o que mais reúne adeptos de religiões de matriz africana. De acordo com o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o RS tem mais de 306 mil praticantes (3,2% da população), o maior percentual do país. Porto Alegre é a capital com a maior proporção de adeptos no Brasil, com 6,36% de seus habitantes.

“As pessoas estão perdendo o medo e a vergonha de se autodeclararem de matriz africana. Por muito tempo, fomos perseguidos, não podíamos andar com nossas vestes e colares na rua sem sermos apontados e nossa tradição demonizada. Então, quando hoje ouvimos esse número do IBGE, para mim é um motivo de alegria”, reforçou Itanajara.

O Conselho do Povo de Terreiro do Estado (CPTERGS) estima que existam aproximadamente 65 mil terreiros no RS. Tragicamente, um mapeamento do Núcleo de Estudos de Geografia e Ambiente (Nega) e do Curso de Aperfeiçoamento Uniafro (Ufrgs) aponta que pelo menos 650 terreiros tiveram perdas totais na enchente de maio de 2024.

Força das águas

A relação com as águas e o cuidado ambiental esteve presente em diversas falas e expressões culturais. A Companhia de Dança Brasil Estrangeiro apresentou uma performance com ritmos afro-brasileiros. “Tudo se funde nas águas. Através da dança, queremos trazer a conscientização de que dependemos dela para sobreviver”, disse a coordenadora do grupo Carla Elisa Pires e Silva.

Com sede em Viamão, a companhia desenvolve um trabalho de educação ambiental com crianças, adolescentes e adultos. “Falamos sobre reciclagem, sobre não jogar lixo nos bueiros, sobre a importância de manter a água limpa do começo ao fim. O Festival de Oxum também é isso: um trabalho educacional.”

“A origem é a água, mas sem a união de água e terra nosso planeta não existe”, afirmou o Babalorixá Juliano T’Òsàálá. Para ele, ocupar a Biblioteca Pública com corpos e saberes negros é mais que representatividade: “Isso me faz ajoelhar aos pés de Oxum e agradecer. Oxum não nos castigou. Ela nos mostrou que é hora de acordar, de recomeçar”.

“Hoje, as filhas dessa orixá são exatamente assim: imbatíveis”, afirma Iya Itanajara de Oxum – Foto: Jorge Leão

Yá Josi de Xangô apontou a preservação como um ato de fé. “Cuidar do meio ambiente é também um ato de fé. Quando ferimos as águas, ferimos Oxum e, ao ferir Oxum, rompemos o equilíbrio da natureza.” Ela também destacou a educação como caminho de libertação. “Só o estudo nos salva. É a única coisa que ninguém pode tirar de nós. Esse projeto precisa chegar às escolas, ensinar nossas crianças a ler para que saibam se defender.”

Diretora de Igualdade Étnico-Racial da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Sanny Figueiredo, destacou o simbolismo do espaço. “Embora não tenha sido construído para nós, foi construído por nós. Hoje, usamos nossos fios de conta e pedimos licença à ancestralidade para falar em eventos públicos. Nossa religião, antes escondida, hoje se afirma (..). Assim como a água de Oxum contorna obstáculos, seguimos.”

“Sou filha de Iemanjá, mas reverencio Oxum, porque ambas são mães das águas. E hoje essas águas estão sofrendo”, afirmou a educadora ambiental Aurici Azevedo da Rosa, bióloga e representante do Instituto Ecoa. “O sistema nos empurra para o descartável. É o mesmo sistema que nos escravizou e que tenta nos apagar, mas nós seguimos oferecendo saberes a essa terra.”

Conforme pontuou, esses saberes agora envolvem cuidado com todos os seres vivos e não vivos. “Lembrando que, com as crises ambientais, quem mais sofre são os mais desfavorecidos que, infelizmente, na sua maioria é do povo negro e também os povos indígenas. Então somos nós que devemos levantar essa bandeira. E o Festival Oxum vem para isso.”

Mãe Pati, liderança do Quilombo Família de Ouro, complementou: “Estamos aqui tocando nosso tambor e rezando para nossos orixás, enquanto Porto Alegre e o Rio Grande do Sul começam a discutir o meio ambiente agora. Nós falamos disso há muito tempo em nossos terreiros. Essa terra que nos dá a erva, o chá e o alimento do nosso sagrado precisa ser cuidada”.

Força ancestral e a luta pela água

Presidenta da União de Negras e Negros pela Igualdade no Rio Grande do Sul (Unegro/RS), Elis Regina Duarte Gomes, relacionou o respeito às tradições com a defesa das águas. “Neste momento em que avança a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), temos que defender o Dmae público. É a mesma luta: proteger nossos leitos e não permitir grandes empreendimentos sobre territórios sagrados. Precisamos de políticas públicas que garantam sua proteção.”

Por sua vez, a vereadora de Porto Alegre Karen Santos (Psol) criticou a exploração de petróleo na foz do Amazonas e o avanço do autolicenciamento ambiental, defendendo os valores das tradições africanas como contraponto ao capitalismo: “Nosso saber ancestral tem potência para dialogar com o ambientalismo científico e construir outro projeto de país.”

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Julho das Pretas e a luta das mulheres negras

Durante o encontro, também foi anunciada a programação do Julho das Pretas. “A importância é dar voz às mulheres e lutar para que o machismo não tome mais conta de nós”, disse Carla Elisa. Como parte das ações, no dia 25 de julho será realizada uma marcha que sairá do Esporte Clube Internacional até a quadra da Imperadores do Samba, a partir das 16h.

O Festival de Oxum, segundo as organizadoras, veio para ficar. “Ele veio para trazer conscientização, para que as pessoas compreendam a importância de respeitar a terra, que é um ser vivo. Estamos falando do feminino: da natureza, das águas, da terra. Um mundo em que a ancestralidade, o matriarcado e as mulheres são centrais”, concluiu Itanajara.

Editado por: Katia Marko
Tags: direito à diversidadeporto alegrereligiões de matriz africana
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