Após os danos causados pela enchente histórica de maio do ano passado, a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) prevê retomar a operação do metrô em sua plenitude em setembro de 2025. Atualmente, o serviço de transporte funciona de segunda-feira a sábado até a estação Mercado, com operação até as 20h. Em meio às obras de reconstrução e modernização da infraestrutura, a empresa também anunciou que o valor da tarifa será reajustado de R$ 4,50 para R$ 5,00 a partir do dia 12 de julho. Este é o primeiro aumento em quatro anos.

O reajuste de 11,11% equivale à metade da inflação acumulada no período entre setembro de 2021 e maio de 2025, que foi de 22,73% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com a empresa, o aumento busca garantir a continuidade do serviço diante do crescimento dos custos operacionais. A nova tarifa foi aprovada pelos conselhos da Trensurb e do transporte metropolitano estadual.
Segundo a empresa, mesmo com o reajuste, o valor da passagem segue entre os mais baixos do país no setor metroferroviário. Hoje, por exemplo, a tarifa dos ônibus metropolitanos que atendem a mesma região chega a R$ 7,80. A Trensurb afirma que manter um valor abaixo desse patamar reforça o papel social do sistema na mobilidade urbana da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Créditos antigos valem até agosto
Usuários que adquirirem créditos de vale-transporte ou passe antecipado até 11 de julho poderão utilizá-los com o valor antigo, de R$ 4,50, até 10 de agosto, conforme a legislação vigente.
A empresa também seguirá oferecendo desconto na integração com ônibus. Em Porto Alegre, o abatimento chega a 10% no valor total da passagem integrada. Já em Canoas, o desconto aplicado pela Trensurb é de 4,31%. Com o novo valor, a tarifa integrada passa a custar R$ 9,00 na capital e R$ 11,10 em Canoas.
Reconstrução avança com apoio federal
O transporte foi interrompido no dia 3 de maio de 2024 quando a enchente atingiu algumas das 22 estações, trazendo avarias ao sistema e à estrutura da empresa, com trilhos submersos, estações alagadas, três subestações de energia completamente perdidas, sistema de bilhetagem além de depredação em algumas estações. Vinte e sete dias após, o serviço foi sendo retomado gradativamente. Em seu funcionamento normal a empresa chega a transportar mais de 100 mil passageiros. Atualmente ela está transportando uma média de 70 mil.
A Trensurb informa que está investindo R$ 342,67 milhões em 126 ações de reconstrução e modernização do sistema, contando com o apoio do governo federal. Os recursos cobrem obras de infraestrutura em energia elétrica, sinalização, via permanente, drenagem e estações. Até agora, 78,5% do valor já foi repassado, com previsão de conclusão total até 2027.
O principal trecho em obras é a renovação de 12 km da via férrea entre as estações Mercado (Porto Alegre) e Fátima (Canoas), com investimento de R$ 38,4 milhões. A conclusão está prevista para setembro, quando deve ser encerrado o serviço emergencial de ônibus e retomada a operação plena do metrô no trecho. No momento, o transporte até o centro histórico de Porto Alegre acontece das 5h às 20h, de segunda a sábado, e nos domingos o dia todo, sendo garantido translado após esse horário da estação Mercado até a estação Mathias Velho e vice-versa.
“O que estamos fazendo vai além da reconstrução. Estamos modernizando a estrutura com tecnologia mais robusta e preparada para eventos climáticos extremos”, afirma o diretor-presidente da Trensurb, Nazur Garcia.
Outros pontos do plano incluem:
Energia: modernização de três subestações com equipamentos resistentes a enchentes, ao custo de R$ 84 milhões;
Drenagem: nova casa de bombas em Porto Alegre deve entrar em operação em agosto de 2025, com investimento de R$ 3,5 milhões;
Sinalização: sistema de controle de tráfego ferroviário está em recuperação, com entrega prevista para outubro de 2025;
Estações: reformas estruturais e de acessibilidade em quatro estações da capital devem ser concluídas no primeiro trimestre de 2026;
Aeromóvel: o custo de reconstrução caiu para R$ 28 milhões. A retomada depende de articulações federais e as obras devem durar entre 8 e 12 meses após a contratação.
Com mais de 40 anos de história, a empresa pública, com cerca de mil funcionários concursados, segue na luta contra a privatização, mesmo com o anúncio do governo federal de que ela seria retirada do Plano nacional de Desestatização (PND).
