Uma ‘moção de louvor e regozijo’ ao presidente estadunidense Donald Trump havia sido aprovada na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados horas antes de Trump anunciar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao país norte-americano. O pedido de aprovação da homenagem foi feito pelo bolsonarista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e teve 23 votos a favor e cinco contrários, dos quais quatro vieram de parlamentares filiados ao PT e um do PP.
A moção, aprovada no dia seguinte à declaração do presidente dos EUA em favor de Bolsonaro e com críticas ao que chamou de ‘caça às bruxas’ no Brasil, destaca o que os parlamentares consideram grandes feitos do governo estadunidense nos primeiros 100 dias de mandato, como “cortes de impostos” e proteção dos “valores e princípios das famílias como pilares centrais de uma boa cidadania”. O texto glorifica, ainda, a tentativa de golpe de Estado nos EUA em 6 de janeiro de 2021, com menção elogiosa ao fato de que o presidente “assinou o perdão aos envolvidos no incidente no Capitólio dos EUA”.
Votaram a favor da proposta:
Carla Dickson (União-RN)
Claudio Cajado (PP-BA)
David Soares (União-SP)
Delegado Ramagem (PL-RJ)
Dilceu Sperafico (PP-PR)
Dr. Fernando Máximo (União-RO)
Dr. Frederico (PRD-MG)
Evair de Melo (PP-ES)
Filipe Barros (PL-PR)
General Girão (PL-RN)
Gustavo Gayer (PL-GO)
Jefferson Campos (PL-SP)
José Rocha (União-BA)
Luiz Nishimori (PSD-PR)
Luiz Orleans de Bragança (PL-SP)
Osmar Terra (MDB-RS)
Reinhold Stephanes (PSD-PR)
Rodrigo Valadares (União-SE)
Sargento Fahur (PSD-PR)
Zucco (PL-RS)
A porcentagem da tarifa publicada por Trump para produtos brasileiros, horas após a homenagem na Câmara, é a mais alta entre as mais recentes definidas pelo governo estadunidense. Na carta em que faz o anúncio, o presidente dos Estados Unidos defende que o país se afaste da relação comercial com o Brasil.
Endereçada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a mensagem começa com uma defesa direta de Jair Bolsonaro (PL) e críticas à forma como o Brasil vem tratando o ex-presidente, classificada por ele como uma “desgraça internacional”. Bolsonaro e outros sete réus devem ser condenados até o fim do ano pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, com penas que podem variar de 20 a 26 anos de cadeia.
Vale ressaltar que o presidente estadunidense não tem nenhum tipo de gerência ou autoridade sobre as decisões do Judiciário brasileiro. Na carta a Lula, ele afirma que a decisão sobre as tarifas é baseada em ataques às eleições livres e à liberdade de expressão no Brasil. Em resposta, o presidente brasileiro pontuou que “o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.