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OPINIÃO

A escalada da violência nas escolas, uma tragédia anunciada

Um novo e trágico capítulo se escreve com o ataque à Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação (RS)

10.jul.2025 às 12h11
Ânderson Barcelos Martin
|Extra Classe
A escalada da violência nas escolas, uma tragédia anunciada

- Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Não, ataques às escolas não são exclusividade dos Estados Unidos. O país norte-americano tornou-se tristemente emblemático por suas recorrentes cenas de violência em instituições de ensino, especialmente após o chocante Massacre de Columbine. Em abril de 1999, dois jovens realizaram um atentado brutal em uma escola no estado do Colorado.

O crime foi meticulosamente planejado: bombas foram posicionadas para distrair os bombeiros, tanques de propano foram transformados em explosivos, 99 dispositivos foram espalhados pela escola, inclusive carros-bomba. Os atiradores assassinaram 12 estudantes e um professor, feriram outras 21 pessoas, e três ficaram machucadas ao tentar fugir. Após confrontarem a polícia, ambos tiraram a própria vida na biblioteca.

Desde então, inúmeros estudos alertam para a escalada desse tipo de violência nos Estados Unidos. O que, por muito tempo, foi visto como uma realidade estrangeira e distante, passou a fazer parte do nosso próprio cenário nacional. Em abril de 2025, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) divulgou um levantamento com base em dados nacionais, revelando que o Brasil enfrenta uma nova e alarmante configuração de violência escolar. O estudo identificou uma crescente onda de agressões nas escolas ao longo da última década (2013–2023), com um preocupante pico entre os anos de 2022 e 2023.

Entre os episódios mais emblemáticos está o massacre de Suzano, ocorrido em 13 de março de 2019, na Escola Estadual Raul Brasil, em São Paulo. Dois ex-alunos invadiram o colégio, mataram cinco estudantes e duas funcionárias, antes de um deles assassinar o comparsa e, em seguida, cometer suicídio. O ataque deixou marcas profundas e acendeu um alerta que, lamentavelmente, não foi ouvido com a urgência necessária.

Os números mostram uma curva ascendente 

Os dados não nos deixam dúvidas. De janeiro de 2001 a dezembro de 2024, foram registrados 42 ataques de violência extrema em escolas brasileiras, segundo o relatório do D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação. Desses, 27 episódios (64,2%) ocorreram apenas entre março de 2022 e dezembro de 2024:  2022: 10 ataques; 2023: 12 ataques; 2024: 5 ataques.

Em 2025 o estado do Rio Grande do Sul já havia sido palco da dor. Em abril, uma professora de inglês foi esfaqueada pelas costas por três adolescentes – dois meninos e uma menina, entre 13 e 15 anos — enquanto entrava em sala de aula na Escola Estadual João de Zorzi, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. O gesto violento, impensável há alguns anos, já não causa mais o espanto que deveria.

Agora, um novo e trágico capítulo se escreve com o ataque à Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação (RS). Mais uma ferida se abre no mapa da educação. As vítimas foram duas crianças, de apenas 8 e 9 anos. A mais velha, golpeada ao menos 11 vezes, não resistiu aos ferimentos. A outra criança e uma professora de 34 anos – que, com coragem, tentou impedir o ataque – seguem hospitalizadas, em estado estável.

A cena é brutal. E o que mais fere, talvez, é perceber que ela já não parece fora do comum. Como se a escola, lugar de sonhos e descobertas, começasse a se acostumar com o medo.

Não se trata de alarmismo, tampouco de pessimismo sem causa. O ataque em Estação, por mais doloroso que seja admitir, não surpreende — ele se insere em uma sequência trágica que se repete com frequência cada vez maior no país e no estado. É plausível, ainda que angustiante, prever que novos episódios ocorrerão se nada for feito.

Para compreender as raízes desse fenômeno, é preciso olhar com atenção para três fatores que, a meu ver, são centrais e urgentes:

A crise de saúde mental entre crianças e adolescentes

Silenciosa, mas avassaladora, a crise de saúde mental entre crianças e adolescentes se alastra como uma névoa espessa que a escola, sozinha, não consegue dissipar. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam um aumento expressivo nos casos de depressão, ansiedade e autolesão entre os jovens. Trata-se de uma emergência de saúde pública — e deve ser tratada com a mesma seriedade com que tratamos qualquer epidemia.

As feridas, no entanto, não são apenas clínicas. Elas são atravessadas por memórias da pandemia e suas muitas sequelas emocionais, por histórias de abandono, por vínculos frágeis, por violências cotidianas, por uma urgência por pertencimento num mundo que oferece mais telas do que mãos. As adolescências, hoje, vivem sob a pressão de performar felicidade constante enquanto sufocam em solidão. E a escola, ainda que seja espaço de cuidado, não pode carregar sozinha um fardo tão profundo. É preciso acionar uma rede – intersetorial, interinstitucional, humana – que envolva famílias, serviços de saúde, políticas públicas e comunidades.

Redes sociais: território fértil para o ódio organizado

Se antes os muros da escola protegiam os estudantes do mundo externo, hoje eles já não bastam. O ódio escorrega pelas telas e se infiltra nas mochilas, nos corredores e nas conversas em voz baixa. Muitos dos ataques recentes nasceram nos bastidores digitais: fóruns, grupos fechados, plataformas que hospedam discursos de ódio, planos de violência e ideias de extermínio.

As redes sociais, tão potentes na conexão e no compartilhamento, têm se tornado também laboratórios de crueldade. Ali se cultivam ideologias extremistas, se romanticiza a violência e se estimula o espetáculo do horror. É urgente que o Estado regule, que as plataformas se responsabilizem, e que famílias e educadores saibam onde andam, com quem falam e o que consomem nossos jovens nesses ambientes. O combate ao ódio digital não é censura — é cuidado, é proteção, é preservação da vida.

A escola como guardiã de um tempo novo

É verdade: muitas das nossas escolas ainda não têm o básico. Faltam salas adequadas, quadros atualizados, espaços de escuta, estruturas físicas mínimas. Mas há algo ainda mais urgente do que tijolos e reformas: preparar a escola para um tempo novo, onde as violências não pedem licença para entrar.

Falo aqui de protocolos que salvam, de práticas que acolhem, de políticas que previnem. Não se trata de armar professores ou transformar a escola em quartel. Trata-se de criar uma cultura de segurança que começa na escuta e se fortalece com vínculos, confiança e afeto. Trata-se de garantir o acesso a profissionais de saúde mental, de investir na formação contínua de educadores para que saibam reconhecer sinais e construir estratégias de mediação. Trata-se, sobretudo, de compreender que a escola não é apenas um espaço de aprendizagem, mas um território de proteção, afinal, que mundo é esse em que shoppings centers são mais seguros do que escolas? Onde o consumo encontra blindagem e as salas de aula, vulnerabilidade? Onde se patrulha vitrines, mas se negligencia corredores escolares?

Hoje, tristemente, muitas de nossas escolas ainda caminham desarmadas – não de armas, mas de estrutura, escuta e cuidado – diante de violências que se alastram em silêncio. Autolesão, suicídio, homicídio: palavras duras demais para os corredores onde deveriam ecoar apenas vozes de descoberta e esperança. A cultura digital, em sua face mais sombria, tem amplificado dores que a escola, sozinha, não consegue conter.

Estamos diante de uma crise silenciosa de saúde pública que ameaça transbordar em uma tempestade de insegurança. Ignorá-la é condenar o futuro ao medo. É tempo de agir — com responsabilidade, com políticas que cruzem os muros da escola e toquem famílias, redes e territórios. Precisamos proteger o que temos de mais valioso: a vida pulsante de nossas crianças e adolescentes. Eles não podem esperar. Eles merecem crescer. Em paz. Em comunidade. Em segurança.

*Ânderson Barcelos Martins é mestre e doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), especialista em Orientação Educacional e Gestão Educacional pela Universidade La Salle; pós-graduado em Neurociência aplicada ao processo de aprendizagem pela Unisinos e bacharel e licenciado em Filosofia pela PUCRS. É pesquisador CNPq do Núcleo de Estudos sobre Currículo, Cultura e Sociedade (Neccso/Ufrgs) e do Grupo de Estudos em Educação, Interdisciplinaridade e Tecnologias (Geedintec/Ufrgs).

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Extra Classe
Conteúdo originalmente publicado em Extra Classe
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