O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (09/07) sanções contra a italiana Francesca Albanese, relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados.
Segundo o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a jurista tem realizado “esforços ilegítimos e vergonhosos para pressionar” o Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia “a agir contra funcionários, empresas e executivos dos EUA e de Israel”.
Rubio também acusou Albanese de praticar “atividades tendenciosas e maliciosas” e de “disseminar o antissemitismo e apoiar o terrorismo”. De acordo com o secretário, a relatora enviou “cartas ameaçadoras” a empresas norte-americanas e sugeriu que essas companhias e seus executivos sejam processados pelo TPI.
“Não toleraremos essas campanhas de guerra política e econômica que ameaçam nossos interesses nacionais e nossa soberania”, disse Rubio.
Contatada pela emissora catari Al Jazeera para comentar as sanções norte-americanas, a funcionária da ONU respondeu: “Sem comentários sobre técnicas de intimidação ao estilo da máfia. Ocupada em lembrar os Estados-membros de suas obrigações de impedir e punir o genocídio. E aqueles que lucram com isso”.
Rubio afirmou que a jurista está sendo sancionada em conformidade com a “Ordem Executiva 14203“, assinada pelo presidente Trump, que impôs sanções ao Tribunal Penal Internacional. Segundo o secretário, estão sendo designadas contra Albanese medidas de acordo com tópicos da Seção 1, que preveem o bloqueio de bens que já estejam nos Estados Unidos ou que ingressem no país a partir de agora, mesmo que na posse ou controle de terceiros.
Relatório contra genocídio em Gaza
Na última semana, Albanese divulgou um relatório em Genebra, na Suíça, intitulado “Da economia de ocupação a economia de genocídio”, no qual acusa Israel de ser responsável por “um dos genocídios mais cruéis da história moderna”.
Além disso, o documento lista 48 empresas – inclusive dos Estados Unidos – acusadas de financiar a “remoção dos palestinos dos territórios ocupados” e pede um “embargo abrangente de armas” contra o país.
“Enquanto a vida em Gaza está sendo destruída e a Cisjordânia está sob ataque, este relatório mostra por que o genocídio cometido por Israel continua: porque é lucrativo para muitos”, diz o texto.
A relatora também criticou a gestão da ajuda humanitária por parte da Gaza Humanitarian Foundation (GHF), estrutura criada por Israel e pelos EUA. Para ela, trata-se de “uma armadilha mortal projetada para matar de fome e forçar a fuga de uma população faminta, bombardeada e emaciada, marcada para ser eliminada”.
Albanese, que atua como relatora da ONU para os territórios palestinos ocupados desde maio de 2022, também já definiu como “completo absurdo” a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de remover os palestinos de Gaza para transformar o enclave em uma espécie de riviera de luxo no Oriente Médio.
O episódio se soma a outras iniciativas de Trump contra órgãos internacionais que investigam aliados estratégicos de Washington. O governo norte-americano já havia imposto sanções a magistrados e procuradores do TPI que abriram procedimentos contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por acusações de crimes de guerra e contra a humanidade.
(*) Com Ansa, Brasil247 e informações da Al Jazeera.