Nesta sexta-feira (11), o Recife Antigo será palco de um ato político e cultural que une arte e ativismo em defesa da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, maior reserva do bioma Mata Atlântica em Pernambuco. A partir das 17h30, o bar Teatro Mamulengo recebe diversos artistas no evento organizado pelo Movimento Gato Maracajá, convocando a população a se manifestar contra o desmatamento de 90 hectares previsto para a construção da Escola de Sargentos do Exército. O bar fica na rua da Guia, nº 211, na Praça do Arsenal, bairro do Recife. O acesso é gratuito.
O evento prevê a participação de 27 artistas de diferentes linguagens e gerações. Estão confirmados nomes como Fred 04, a indígena Riáh Xukuru, Lucinha Guerra, Juvenil Silva, Zeh Rocha, Gracinha do Samba, Valdi Afonjah, Olívia Fancello e os poetas Célia Martins e Enápio Mário. O evento apela por soluções para a construção da Escola de Sargentos que preserve integralmente este conjunto de áreas de Mata Atlântica, os últimos na Região Metropolitana do Recife.
O Movimento Gato Maracajá homenageia esta espécie ameaçada de extinção que habita a APA Aldeia-Beberibe. O grupo reúne militantes e ativistas da causa ambiental, pessoas com conhecimento técnico, artistas e simpatizantes desta luta.
A escola, o arco e a mata
A APA Aldeia Beberibe engloba áreas remanescentes do bioma Mata Atlântica não contínuas nos territórios de oito municípios pernambucanos – Abreu e Lima (24,4% da APA), Igarassu (22,6%), Recife (16%), Araçoiaba (11,4%), Paudalho (9,4%), Camaragibe (8%), Paulista (6,2%) e São Lourenço da Mata (2%).
A proposta de construção da Escola de Sargentos do Exército, desejo do Ministério da Defesa desde a gestão Bolsonaro, segue avançando no governo Lula. A obra pode destruir 90 hectares (ou 200 mil árvores) da Mata Atlântica. Ambientalistas preveem impactos na temperatura média na Região Metropolitana do Recife e na bacia do rio Catucá, que abastece a barragem de Botafogo, que por sua vez abastece os lares de 1 milhão de pernambucanos.
Outra ameaça é o Arco Metropolitano, rodovia desejada pelo Governo de Pernambuco desde a gestão Eduardo Campos. A obra que visa conectar o Porto de Suape (no litoral sul) ao polo industrial de Goiana (litoral norte), para desafogar o tráfego da BR-101. Moradores de Aldeia afirmam que há caminhos alternativos para construir o arco sem desmatar.
A Escola de Sargentos e seus atropelos na APA Aldeia-Beberibe
