Como já vimos em artigos anteriores, os distúrbios climáticos, cada vez maiores e mais presentes em todas as regiões do mundo, decorrem do sobreaquecimento global. Este por sua vez ocorre pelo excesso da emissão de gases de efeito estufa (GEEs) emitidos por todos os países. Esta emissão já passou dos limites toleráveis, precisando urgentemente ser estancada e reduzida. Os GEEs são gerados em função das nossas formas de produção e de vida.
Os combustíveis fósseis geram os maiores GEEs
Considerando o mundo todo, a maioria dos GEEs são gerados pelo uso dos combustíveis fósseis, os que levaram mais de 120 milhões de anos para serem produzidos pela natureza, por isto reconhecidos como energias não renováveis. É o caso do petróleo e seus derivados e do carvão mineral.
Como veremos a seguir, mesmo com significativos avanços das energias renováveis (quedas d’água, uso direto dos raios solares, ventos, biomassa), ainda há uma grande predominância das energias não renováveis, principais geradoras dos GEEs, cuja substituição requer um grande e necessário caminho. Esta transformação precisa ser rápida, justa e duradoura, ou seja, uma transição energética justa.


Em matriz energética são apresentados os percentuais de todas as modalidades de energia usados numa região em determinado tempo. Os dados são os disponíveis no site da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
As energias não renováveis são amplamente dominantes no mundo
Para o ano de 2022, verificamos que no mundo, mais de 80% foram consumidas energias não renováveis, em especial petróleo, principalmente nos transportes. A seguir vem o carvão mineral e o gás natural, ambos muito usados na geração de energia elétrica e indústrias. Cabe ressaltar que o gás natural, quando evitados vazamentos e houver queima completa, gera muito poucos GEEs.
Esta situação da matriz mundial já melhorou muito, no entanto, ainda as energias não renováveis são muito predominantes.
Precisamos considerar que o sobreaquecimento ocorre em todo o planeta, embora com graduações diferentes, e suas consequências atinge a todos(as). Quem gera mais GEEs, produz mais sobreaquecimento para o planeta como um todo.
Todos os países são responsáveis pela redução dos GEEs, em especial em relação à transição energética, já que as consequências atingem a todos(as), tenham eles assinado ou não os acordos internacionais para esta finalidade.
Os maiores geradores de GEEs, países ricos, tem mais responsabilidade
A maior participação nesta matriz mundial vem dos grandes consumidores de energia, no caso, os chamados países de primeiro mundo. São estes países, os principais geradores de GEEs e, como tal, para que a transição seja justa, estes devem realizar as principais mudanças, reduzindo a demanda das energias não renováveis, e contribuindo com os países menos ricos para as mesmas transformações.
A China é a maior emissor de GEEs, e também é o país que mais produz energias renováveis, além de ser o maior fabricante de veículos elétricos, principal alternativa para a substituição do petróleo.
A seguir vem os EUA, com enormes retrocessos com as medidas de Trump, incentivando aos veículos à combustão e cortando de verbas destinadas à transição energética.
Em relação à matriz energética brasileira de 2024, verificamos que as energias renováveis já ocupam 50% entre todas as energias consumidas. Somos um país com enormes recursos naturais renováveis, e como tal capaz de acelerar sua transição energética.
Os EUA de Trump é um grande retrocesso para o Planeta
No entanto, o Brasil está entre os 10 maiores geradores de GEEs. As queimadas, derrubadas de florestas e deterioração dos biomas contribuem com mais de 40% dos GEEs. Felizmente em 2024 houve uma redução de 32,4% das queimadas e derrubadas. A seguir vem os modos de produção agrícola e pastoril com aproximadamente 25%. Estes dois itens são resolvíveis em grande parte, basta efetiva vontade de produzir melhor e mais com métodos sustentáveis.
E os combustíveis fósseis contribuem com aproximadamente 20% da emissão total de GEEs, mas chegam a representar dois terços nos grandes centros urbanos, em função do uso dos derivados de petróleo. Esta emissão pode ser praticamente eliminada, com grande melhoria do clima e da poluição, através do uso dos veículos elétricos, arborizações massivas e universalização do saneamento básico.
Como podemos verificar, o Brasil possui condições em tornar-se um país referência na necessária redução de GEEs.


Em matriz elétrica são apresentados os percentuais das energias usadas para gerar a energia elétrica num local em determinado tempo.
Na geração de energia elétrica no mundo as energias não renováveis também são dominantes
Verificamos que no mundo, em 2022, aproximadamente 70% de energia elétrica gerada era feita com recursos não renováveis, especialmente o carvão mineral, ainda muito usado na China, Europa e outros países. Também esta situação vem melhorando, ainda distante de atingir os 50% de participação das energias não renováveis.
No Brasil, em 2024, 84,5% da energia elétrica consumida tem origem em fontes renováveis. No primeiro semestre de 2025 este índice ultrapassou os 90%. Ou seja, a nossa energia elétrica é praticamente toda renovável, melhor situação entre os países.
O Brasil pode ser uma referência na transição energética
Como percebemos, a transição energética, principal componente para a redução dos GEEs, é um processo a ser perseguido. A redução dos combustíveis fósseis ocorrerá com a diminuição da sua demanda promovida pelos países.
Durante este processo de transição, que deve ser justo, ressaltamos mais alguns aspectos.
O gás natural, embora seja um hidrocarboneto como o petróleo, pelas suas propriedades já citadas acima, deve ser mais usado pelo Brasil como combustível de transição. Está muito concentrado no centro do país, sem dutovias para chegar mais adequadamente às demais regiões;
Desde 1850, quando o petróleo começou a ser usado, este passou a ter influência forte (inclusive muitas guerras) em toda a história. As empresas petrolíferas devem auxiliar a transição energética tornando-se empresas de energia, como já acontece com a Petrobras. O petróleo poderá ter usos bem mais reduzidos e importantes como na petroquímica.
O consumo do petróleo depende da demanda mundial; enquanto ela existir, a Petrobras, com todos os cuidados ambientais, deve continuar produzindo o quanto puder para o bem do Brasil e dos brasileiros.
O carvão mineral também deverá ter outros usos como a produção de matérias primas de fertilizantes.
Enquanto estiver ocorrendo a redução dos usos do petróleo e do carvão mineral, estes devem ter a sua produção realizada da forma mais sustentável possível, condição igualmente a ser aplicada aos seus derivados, incluindo o tratamento de resíduos.
A transição energética justa muda o mundo para melhor
Os trabalhadores das atividades dos combustíveis fósseis devem ter seus postos de trabalho garantidos, sendo parte do processo de transição.
Citamos o exemplo da mineração de carvão mineral e geração termoelétrica de Candiota (RS), a quem deve ser concedido um tempo de adaptação no contexto de uma nova realidade econômica a ser criada no município.
E o mais importante de tudo: a transição energética somente será sustentável e justa com ampla participação da população, exigindo que seja acelerada como a natureza exige, e modificando para melhor os seus modos de produção e de vida,
Se bem realizada, o mundo todo será bem melhor!
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.