A nova presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bianca Borges, afirmou, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, que a defesa da soberania nacional e a ampliação da permanência estudantil serão prioridades da entidade nos próximos anos. Estudante de Letras, ela foi eleita no último domingo (20) durante o 60º Congresso da UNE (Conune), realizado em Goiânia (GO). Com 82,62% dos votos, sucede a pernambucana Manuela Mirella no comando da entidade.
“Essa é uma vitória que acompanha a história do nosso país. Mais uma vez, a história tem nos convocado a defender a nossa democracia, a defender a nossa soberania de ataques estrangeiros”, explica Borges, em referência à taxação dos produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos. Para ela, o congresso marcou também a retomada do verde e amarelo da bandeira brasileira “como as cores dos verdadeiros patriotas do Brasil”.
A nova gestão da UNE, segundo a presidenta, terá como eixo central a construção de uma reforma universitária popular “que agigante a universidade para o tamanho do Brasil e dos desafios do nosso povo, que permita o acesso e a permanência de todos os que ingressam”. Ela reforça a necessidade de que o ensino superior esteja conectado a um projeto de desenvolvimento soberano do país.
Borges destaca o posicionamento político do movimento estudantil diante dos ataques à democracia. “Pela primeira vez na história, nós temos os golpistas, os que tentam dar um golpe de Estado, no banco dos réus da Suprema Corte”, celebra. “Soberania não se negocia. O Brasil que nós queremos é o Brasil com lastro soberano”, declara.
Educação avança com Lula, mas desafios continuam
Bianca Borges também comentou a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no congresso, que sancionou durante o evento o Projeto de Lei (PL) 3.118, de 2024, voltado à assistência estudantil. “A participação do presidente Lula foi fundamental porque ele sancionou uma lei que dá resposta a uma das principais bandeiras do movimento estudantil nesse período, que é a assistência estudantil”, avalia.
Ela ressalta que, apesar de avanços nas políticas de acesso ao ensino superior, ainda há altos índices de evasão por falta de condições dignas de permanência. “Falta de bolsa, restaurante universitário, moradia estudantil, falta de creche para as mães”, cita. Borges classifica a sanção como um passo importante, mas reforça que “a luta continua” para garantir dignidade a cada estudante.
O evento também foi marcado por um trágico acidente na BR-153, que vitimou três estudantes — Ana Letícia Cordeiro, Leandro Dias e Welfesom Alves — e o motorista Ademilsom Militão. “A melhor maneira de homenagear esses estudantes que tragicamente nos deixaram é dar continuidade aos sonhos que eles traziam ao congresso da UNE”, acredita Borges. Ela agradeceu o apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Ministério da Educação no acolhimento aos estudantes impactados.
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