Na semana em que se celebra o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, nesta quinta-feira (25), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a “Semana Camponesa” com ações em diferentes estados do país. Sob o lema Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!, o movimento promove marchas, ocupações, acampamentos e atividades formativas para cobrar do governo federal e dos governos estaduais o avanço na pauta da Reforma Agrária.
“Nós temos áreas aqui que estão há mais de 20 anos aguardando a desapropriação, aguardando que o Estado brasileiro dê resposta à situação das famílias acampadas”, denuncia Júlia Iara, da direção do MST no Maranhão.
Para Jorge Neri, dirigente do movimento no Pará, a mobilização é também um instrumento de disputa política mais ampla: “Queremos pressionar o governo para acelerar a Reforma Agrária, mas também combater a PEC da Devastação e construir o plebiscito popular sobre a jornada 6×1 e a taxação das grandes fortunas”.
As mobilizações ocorrem em um momento de críticas ao governo Lula pela lentidão na criação de novos assentamentos e pela ausência de políticas públicas estruturantes para os territórios já existentes.
Segundo a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), apenas 3.353 famílias foram assentadas no terceiro mandato de Lula, número considerado insuficiente pelo MST. O movimento cobra que, em 2026, o governo federal invista recursos efetivos para garantir o direito à terra e à produção de alimentos saudáveis.
Além da desapropriação de terras, a jornada inclui demandas por crédito e fomento à produção de alimentos, investimentos em educação no campo e estruturação dos assentamentos.
Jornada continua até o final da semana
Em Alagoas, mais de mil trabalhadores e trabalhadoras do campo montaram acampamento no pátio da Secretaria de Agricultura (SEAGRI), em Maceió. Eles cobram reunião com o governador Paulo Dantas (MDB) para destravar o acordo firmado em 2015, que previa a destinação das terras da Usina Laginha e parte da Usina Guaxuma para a Reforma Agrária. A mobilização também exige políticas agrícolas, como mecanização e apoio à agroindústria, além da reativação do Comitê Estadual de Mediação de Conflitos Agrários e do Centro de Direitos Humanos da PM/AL.

No Rio Grande do Norte, militantes do MST marcham pela BR-406 rumo a Natal. A caminhada denuncia o abandono das políticas de Reforma Agrária no estado e pressiona o governo estadual a garantir medidas concretas como a desapropriação de terras – em especial do complexo açucareiro em Ceará-Mirim – e a regularização das famílias já assentadas pelo Incra. Também estão na pauta o crédito para produção e a reestruturação do perímetro irrigado no município de Apodi.

Na cidade de Belém (PA), cerca de 400 integrantes do MST participam de um acampamento na praça Waldemar Henrique, com atividades previstas até 26 de julho. “Durante essa semana, o MST no Pará está fazendo um conjunto de programações para dar visibilidade à luta pela Reforma Agrária e também a temas como o combate à PEC da Devastação e o plebiscito popular”, explica Jorge Neri, da direção estadual do movimento. A programação inclui marchas, formações, exibição de filmes e debates públicos.
No Maranhão, as ações ocorrem nos dias 22 e 23, com mobilização na sede do Incra, em São Luís, reunindo cerca de 300 pessoas. A pauta local denuncia a morosidade do Estado na regularização de áreas ocupadas há décadas. “A luta é pelo desenvolvimento dos assentamentos e pela permanência no campo, com políticas de crédito, moradia, educação e condições de comercializar a produção”, destaca Júlia Iara, da direção do MST no estado. No dia 23 à noite, os sem-terra se somam à marcha da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que realiza encontro nacional na capital maranhense.