A Tailândia evacuou mais de 130 mil pessoas em quatro províncias fronteiriças com o Camboja, após o segundo dia consecutivo de confrontos entre os países. As agressões, iniciadas na manhã de ontem (24), intensificaram-se nesta sexta-feira (25) e se alastraram para 12 localidades ao longo da fronteira de 817 quilômetros.
A disputa envolve a anexação de territórios ainda na época colonial, em particular, na região em torno do templo Preah Vihear, que motivou conflitos em 2011. Em meio ao confronto, o número de mortes na Tailândia subiu para 15; do lado cambojano, houve a morte de um e cinco feridos, além do deslocamento de 1.500 famílias.
O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, alertou para a escalada do confronto que “poderia evoluir para uma guerra”. “Ainda estamos em nível de altercação, batalhando com armamento pesado”, ponderou.
Escalada
The Guardian relata que, desde maio, incidentes pontuais aumentaram a hostilidade entre os dois países, incluindo um tiroteio em uma das áreas contestadas, levando à morte de um soldado cambojano.
Nesta quarta-feira (23/07), cinco militares tailandeses ficaram feridos após a explosão de minas terrestres durante uma patrulha na província de Ubon Ratchathani, um deles perdeu uma das pernas. O incidente foi o estopim da escalada. A Tailândia expulsou o embaixador cambojano e acusou o país de plantar minas na região, o que Phnom Penh nega.
Nesta sexta-feira, a Tailândia acusou o Camboja de bombardear áreas civis e lançar foguetes contra seu território. Em retaliação, o país realizou ataques aéreos contra alvos militares cambojanos. O Camboja, por sua vez, afirma que a Tailândia descumpriu a proposta de cessar-fogo intermediada pela Malásia, atual presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Países se manifestam
Em nota, o Brasil apelou para os governos da Tailândia e do Camboja “que exerçam máxima contenção, evitem a escalada das tensões e busquem solução negociada para o diferendo de fronteira, pela via do diálogo e com pleno respeito ao direito internacional”.
O Itamaraty também recomendou que os cidadãos brasileiros evitem deslocar-se às regiões fronteiriças até a cessação das hostilidades. “A Embaixada do Brasil em Bangkok vem monitorando a situação e permanece à disposição da comunidade brasileira”, afirmou o governo.
A Malásia e os Estados Unidos também pediram a suspensão do conflito. “Instamos o fim imediato das hostilidades”, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Tommy Pigott.
Já a China afirmou estar “profundamente preocupada” e prometeu “continuar a fazer o possível para promover paz e diálogo”. O Reino Unido também se manifestou pelo fim do confronto e recomendou os ingleses a evitarem deslocamentos não essenciais nas áreas de fronteira.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir ainda nesta sexta-feira para discutir o conflito.