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Projeto Sim, Eu Posso! celebra primeira formatura em Porto Alegre: ‘Se não fosse vocês, eu não estaria aqui lendo esta carta’

A primeira turma de alfabetização de jovens e adultos com o método cubano iniciou em janeiro na vila Pedreira

03.ago.2025 às 23h27
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz e Jorge Leão
Projeto Sim, Eu Posso! celebra primeira formatura em Porto Alegre: ‘Se não fosse vocês, eu não estaria aqui lendo esta carta’

A cerimônia de formatura foi realizada neste sábado (2) na Associação dos Moradores Força Maior da Vila Pedreira, em Porto Alegre - Foto: Jorge Leão

“Porto Alegre, dia 1º de agosto de 2025. Venho através dessas poucas palavras para agradecer a todos que participaram do projeto Sim, Eu Posso. Se não fosse vocês, eu não estaria aqui lendo esta carta”, declarou emocionada a vendedora autônoma Natália dos Reis Souza, de 57 anos, durante a cerimônia de formatura realizada neste sábado (2).

Ainda emocionada, ela fez questão de nominar sua gratidão, revelando um pouco da jornada até ali: “Quero agradecer a todos os professores, em especial ao professor Arnaldo, à professora Alexia, à professora Magda… que é um pouco mais rígida e sempre dizia que não ia ter molezinha pra nós! (risos). Só tenho que agradecer a Deus. É Ele quem vai compensar cada um de vocês, principalmente a Adriana, que trouxe esse projeto. Eu sou vendedora de perfume e a gente se falava pelo Whats. Eu sempre dizia: ‘Adriana, não escreve, me manda áudio, porque eu não sei ler’. Hoje, estou aqui lendo para vocês.”

Moradora da vila Pedreira há 40 anos, no bairro Cristal, Natália integra a primeira turma de alfabetização de jovens e adultos de Porto Alegre com o método cubano “Sim, Eu Posso!”, iniciado em janeiro deste ano.

“Insisto porque sei que posso”

Ao lado dela, o também formando Altino Vieira Padilha relembrou sua trajetória até o momento da conquista: “Esse projeto é muito importante para mim, porque eu não sabia ler e escrever. Uma colega minha me convidou pra estudar. Eu disse que estava muito velho. Ela respondeu: ‘Não, cara, não tem idade pra aprender’. Aí comecei. Depois veio a pandemia, e as aulas pararam. Eu estudava pelo celular, a professora mandava os temas, e a dona Adriana também ajudava. Foi muito importante pra mim. Agora quero fazer um curso de computador. Aprender pra poder buscar esse curso”, contou.

“Se não fosse vocês, eu não estaria aqui lendo esta carta”, declarou Natália dos Reis Souza – Foto: Jorge Leão

Padilha relatou momentos de desânimo, inclusive quando tentou cancelar a matrícula. “Fui no colégio da Floreira e pedi pra cancelar. Mas as professoras disseram: ‘Seu Tino, o senhor não pode sair daqui, o senhor é muito importante pra nós, queremos o senhor na formatura’. Elas não aceitaram o cancelamento. Então fui à luta.”

“Às vezes pensava que não ia aprender, mas algo dizia: não desista. Hoje estudo aqui de tarde e também lá, à noite. É muito importante pra gente aprender a ler e escrever. Antes, eu tinha que pedir pra minha irmã ou pro meu sobrinho ler as coisas, e eles não queriam. Me sentia mal. Agora eu insisto. Insisto porque sei que posso.”

A articulação da primeira turma foi feita pelo Fórum Social das Periferias com a Associação Cultural José Martí do RS, e implementada juntamente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Associação dos Moradores Força Maior da Vila Pedreira, Levante Popular da Juventude, Organização Olufé, Esperançar e demais parceiros.

“Antes, eu tinha que pedir pra minha irmã ou pro meu sobrinho ler as coisas”, contou Padilha – Foto Jorge Leão

Alfabetização transforma vidas e fortalece comunidades

Para a educadora Alexia Nunes, estudante de Pedagogia e voluntária no projeto desde sua concepção, a alfabetização transforma vidas. “Participo do projeto desde o início, lá na ideia de trazer ele pra Pedreira, pertinho da minha vila, a Barracão. Isso me fez refletir sobre a importância da alfabetização. Minha bisa não é alfabetizada e tentei trazê-la, mas ela acha que já passou o tempo.”

Em 2024, o Brasil ainda registrava 9,1 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, uma taxa de 5,3%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre idosos (60 anos ou mais), o índice nacional é de 14,9%, mostrando que o desafio persiste.

Nesse cenário, o Rio Grande do Sul se destaca com um dos melhores resultados do país, registrando 2,4% de analfabetismo na população acima de 15 anos. A região Sul lidera os menores índices nacionais, com 2,7% de analfabetos entre pessoas com mais de 15 anos e 8% entre idosos, ambas as taxas significativamente inferiores à média nacional.

“Olhando o seu Altino e a dona Natália, vejo que nunca é tarde. Sempre é tempo de estudar. Ver eles comemorando cada frase escrita mostra isso. O método é eficaz. Com acolhimento e atenção, eles vão longe. O seu Altino, por exemplo, conseguiu pular de turma na escola regular no fim do ano passado”, aponta Nunes.

A educadora Alexia Nunes e seus formandos – Foto: Jorge Leão

Na mesma linha, o educador Alexandre Cordeiro reforçou a potência do método e o impacto coletivo da iniciativa. “O ‘Sim, Eu Posso!’ é maravilhoso. A gente conseguiu implantar aqui na Associação Força Maior da Pedreira. Eu mesmo não conhecia, fui me formar e fazer o curso sobre ele. Somos pessoas da comunidade, conhecemos a realidade de quem não teve oportunidade de se alfabetizar na infância.”

Conforme explicou Cordeiro, o método parte da realidade dos alunos e utiliza uma abordagem que associa letras a números para facilitar o aprendizado. “Começamos com dois alunos e conseguimos expandir para mais três associações, com quase 30 alunos hoje. E estamos levando para outros espaços, inclusive o presídio, onde trabalho com nove senhoras e abrimos uma turma de reforço. É contagiante.”

“Somos pessoas da comunidade, conhecemos a realidade de quem não teve oportunidade de se alfabetizar na infância”, afirmou Cordeiro – Foto: Jorge Leão

Método eficaz e compromisso com a educação popular

O método foi criado pela pedagoga cubana Leonela Inés Relys Díaz e já alfabetizou quase 11 milhões de pessoas em mais de 30 países. Pioneiro na implementação do método no Brasil, o MST calcula que mais de 100 mil pessoas foram alfabetizadas através do “Sim, Eu Posso!” no país. No ano passado, por exemplo, 1.067 educandos se formaram em Maricá, no Rio de Janeiro.

Para a militante do MST e do Coletivo Estadual de Educação, Juliane Soares Ribeiro, o “Sim, Eu Posso!” é uma ferramenta potente para enfrentar o analfabetismo no Brasil. “Tenho participado do acompanhamento das turmas aqui no Rio Grande do Sul, e a gente sabe que, em nível nacional, ainda temos um número expressivo de pessoas que não tiveram acesso à escolarização. Nesse sentido, estamos empenhados em espraiar o método ‘Sim, Eu Posso!’ por diferentes territórios, tanto nos da reforma agrária quanto nos espaços urbanos”, afirmou.

‘Sim, eu Posso!’ é resultado da construção coletiva – Foto: Jorge Leão

Soares destaca a experiência desenvolvida nas periferias de Porto Alegre, que já conta com quatro turmas ativas. “O método alfabetiza entre quatro e cinco meses, e sabemos que ele é muito eficaz. Hoje tivemos a prova disso ao ver nossos educandos lendo suas cartas. É muito motivador e emocionante perceber a potencialidade desse trabalho coletivo, que envolve diversas pessoas, associações e educadores, construindo um mundo mais justo e solidário, com a educação popular ocupando um lugar de destaque.”

O presidente da Associação Cultural José Martí do RS (ACJM/RS), Ricardo Haesbaert, ressalta que o projeto é expressão concreta de solidariedade e transformação social: “Esse projeto tem um significado de solidariedade, de ver um irmão, um ser humano, não apenas um número.”

Haesbaert explica que foi uma preparação de mais de três meses até a implantação. “As pessoas envolvidas são comprometidas com a transformação da sociedade. Unimos o método cubano da pedagoga Leonela Relys com a pedagogia de Paulo Freire, o grande educador da humanidade. É sobre garantir dignidade: ler um letreiro, uma receita, um aviso. Começamos na Pedreira e já estamos nas vilas Glória, Barracão e Jardim, com mais 20 educandos. Tudo feito de forma voluntária, sem recursos públicos. Só com o desprendimento das pessoas e de entidades solidárias.”

Método alfabetiza entre quatro e cinco meses – Foto: Jorge Leão

Construção coletiva em tempos difíceis

As aulas acontecem na sede da Associação de Moradores da Vila Pedreira, que tem como presidenta Adriana Correia de Faria. “É muito difícil, no tempo em que a gente vive, conseguir construir algo coletivamente. Nosso tempo é disputado. Por isso, temos que valorizar cada trabalho como esse. A dona Adriana, na associação, tem mantido o espaço vivo, com dedicação”, destacou o militante do MST e do Levante Popular da Juventude Tomás Brunet.

Ele também reforçou a importância de valorizar a articulação feita pelas entidades e por todos os envolvidos no processo. “É só junto que a gente tem força pra fazer acontecer. Os educadores, que assumiram o compromisso de estar aqui por tanto tempo, merecem todo reconhecimento. E, por fim, os educandos: dona Natália, seu Altino, a persistência de vocês é grandiosa. Tiveram coragem de começar e firmeza pra continuar. Isso está rendendo frutos.”

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Editado por: Katia Marko
Tags: direito à educaçãolevante popular da juventudemstsim eu posso
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