Irmã Brígida era presença constante nas lutas
Morreu, nesse domingo (3), aos 85 anos, em Belo Horizonte, a Irmã Maria Brígida Barbosa, da Congregação Filhas de Jesus. Religiosa, educadora e militante das causas populares, ela dedicou mais de seis décadas à missão cristã comprometida com os pobres, com a educação libertadora e com a justiça social.
“Irmã Brígida sempre se colocou em defesa da justiça social, questionando a ditadura e seus podres. Foi fiel a uma igreja engajada e em saída, desde sempre. Por onde passou, em missão profética e evangelizadora, se posicionou em defesa dos pequenos e dos grandes temas que valorizam a democracia e dignidade da vida humana”, afirmam Maria José Brant e Cássia Lara Neves de Araújo, missionárias da Congregação.
Nascida em Cataguases, em Minas Gerais, no dia 15 de outubro de 1938, dedicado aos educadores, Maria Brígida cresceu em um ambiente cristão e desde cedo se voltou à vida religiosa. Ingressou como postulante na Congregação Filhas de Jesus em 1959, em BH.
A partir de 1987, Irmã Brígida ampliou sua atuação e se engajou de forma decisiva nas lutas sociais e na defesa da dignidade humana. Marcou presença constante em movimentos populares, grupos de fé e política e pastorais sociais. Tendo atuado durante muitos anos nas ações sociais da Igreja no nordeste brasileiro.
“Tinha uma paixão declarada pela comunicação libertadora. Sempre soube que a informação é transformadora e se fez veículo de transmissão de causas e ideais dedicando-se a comunicar com quem quer que fosse para anunciar a vida nova. Fica a lembrança daquela que se fez megafone no cotidiano para denunciar as injustiças. Fica a lição de ousadia de quem sabia que era uma andorinha, mas que não andava só”, recordam as missionárias Brant e Araújo.
“Irmã Brígida era presença constantes nas lutas, esteve na construção do Grito dos Excluídos desde a primeira edição, em 1995. Foi participante ativa do Fórum Político Religioso, desde a sua criação. E agente da Pastoral Carcerária aguerrida e muito comprometida. Ela seguirá inspirando a todas as pessoas que lutam por um mundo mais justo”, afirma Frederico Santana Rick do Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Com saúde debilitada nos últimos anos, foi acolhida na Casa de Nazaré em 2024, onde recebeu os cuidados necessários. Nos últimos meses, seu quadro clínico se agravou, levando à hospitalização. Irmã Brígida não resistiu e partiu na manhã do dia 3 de agosto.
Uma frase de Santa Cândida, fundadora da Congregação Filhas de Jesus, é tida como definidora da pessoa que Maria Brígida foi em vida, segundo suas companheiras de missão: “onde não há lugar para os pobres, não há lugar para mim”.