Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

ANÁLISE

Movimentos mostram alternativa de poder popular na América Latina ao unir luta social, ação técnica e disputa política

Fortalecer o poder popular é construir novos projetos nacionais de desenvolvimento

07.ago.2025 às 12h02
São Paulo (SP)
Luís Eduardo Fernandes
Marcha das Mulheres Negras, em São Paulo (2020)

Desemprego entre jovens mulheres negras é três vezes maior do que entre jovens homens brancos - Júlia Dolce

Na última década, a esquerda latino-americana — especialmente a brasileira — tem enfrentado dificuldades em articular lutas sociais com a ação institucional. Oscilações entre um “institucionalismo” excessivo e posturas sectárias têm enfraquecido a política como espaço de disputa de sentidos. Para Álvaro García Linera, os avanços materiais só ganham densidade transformadora se acompanhados pela formação de novos valores, especialmente na classe trabalhadora.

Hoje, vivemos uma encruzilhada. De um lado, governos ultraliberais, neoconservadores e neofascistas. De outro, esquerdas que ainda buscam reconstrução social, política e ideológica. Parafraseando Gramsci, o velho morre, mas o novo ainda não nasceu — e nesse intervalo, proliferam sintomas mórbidos.

Ainda assim, é preciso identificar, mesmo que de forma embrionária, os sinais de um futuro possível: caminhos de construção e fortalecimento do poder popular no cenário latino-americano. Essa tarefa se dá num terreno adverso. Por um lado, estamos diante de formações sociais marcadas pela dependência econômica; por outro, de Estados capitalistas moldados por trajetórias autocráticas de desenvolvimento. Soma-se a isso a dominação ideológica e cultural promovida por organizações burguesas no interior da sociedade civil, reforçando a hegemonia neoliberal.

Nesse contexto, a elaboração e a execução de políticas públicas surgem como uma mediação importante para o acúmulo de forças nos projetos populares, mesmo em contextos de avanço de governos democráticos em situações desfavoráveis na correlação de forças na sociedade. Fala-se em mediação porque esse campo articula diferentes dimensões da vida da classe trabalhadora: desde a luta cotidiana pela sobrevivência, passando pela organização popular, até a conquista de direitos, sua manutenção e ampliação — sempre em disputa pelo fundo público.

O fundo público — composto por tributos sobre o trabalho e o capital — tornou-se estratégico no capitalismo contemporâneo: garante lucros ao grande capital e barateia a reprodução da força de trabalho. Como assinala Nicos Poulantzas, o Estado atua como condensação das relações de força, e as políticas sociais refletem essa contradição: são disputadas entre interesses da classe trabalhadora e das frações dominantes.

A experiência latino-americana mostra que avanços em políticas sociais sempre estiveram ligados à pressão popular. No Brasil, a Constituição de 1988 é um exemplo. Mas mesmo regimes autoritários, como as ditaduras civis e militares, implementaram políticas sociais dentro de projetos de modernização conservadora e superexploração.

A pesquisa aqui apresentada inicialmente— fruto de parceria entre a Fundação Rosa Luxemburgo, a Escola Nacional Paulo Freire e o governo federal — parte de três perguntas: É possível articular políticas sociais e organização popular? Qual o papel da educação popular como método de mediação entre a execução de políticas públicas e a organização popular? Qual a relação entre território, economias populares e política pública?

Realizamos entrevistas com movimentos, gestores e pesquisadores, assim como conhecemos parcialmente algumas experiências no trabalho de campo. A partir delas, construímos uma cartografia de experiências em países como Argentina, Venezuela, México e Colômbia. Em nosso relatório final, pretendemos demonstrar que políticas públicas territorializadas podem gerar conquistas materiais e fortalecer a organização popular em diferentes contextos.

Na Argentina, movimentos piqueteiros e da economia popular conquistaram avanços significativos hoje ameaçados e parcialmente destruídos pelo governo Milei. Na Venezuela, comunas e circuitos comunais enfrentam pressões internas e externas, mas seguem construindo democracia direta e arranjos produtivos populares. No México, a experiência dos “Servidores da Nação” e o programa “Utopías” mostram formas de mediação estatal direta com os territórios. Na Colômbia, o governo Petro avança com políticas de economia popular, plano nacional de cuidados e territórios camponeses agroalimentares.

Essas experiências inspiram — sem ser modelos a serem copiados — iniciativas brasileiras, sobretudo aquelas nascidas durante a pandemia: cozinhas solidárias, agentes populares de saúde, economia solidária e projetos culturais. Expressões da organização popular que hoje ganham escala como políticas públicas propostas e executadas por movimentos populares.

O Brasil mudou, mas a exploração segue firme

Esse debate ganha ainda mais relevância diante das transformações no mundo do trabalho. Sem dúvida, a reconstrução e ampliação de programas sociais, incluindo os de transferência monetária, aumentam o poder de barganha das frações da classe trabalhadora dos serviços menos complexos, como os comerciários. No entanto, o padrão da precariedade estrutural e superexploração no mercado de trabalho, apesar de ser atenuado, permanece.  

Os marcadores regionais, raciais e de gênero evidenciam as contradições do neoliberalismo no capitalismo dependente brasileiro. As taxas de desocupação e subocupação são quase o dobro entre as mulheres que coadunam com a inviabilização do trabalho doméstico. No terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre jovens mulheres negras de 14 a 29 anos chegou a 16% no país — 3,6 vezes superior à registrada entre jovens homens brancos na mesma faixa etária (4,4%). Além disso, as jovens mulheres negras recebem, em média, apenas 62,4% do rendimento mensal obtido pelos jovens homens brancos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o trabalho de cuidado representa cerca de 13% do PIB brasileiro — sendo 65% realizado por mulheres, majoritariamente negras. Nos territórios periféricos, isso se traduz em múltiplas tarefas invisibilizadas: cuidar de crianças, idosos, doentes, além de tarefas domésticas. Mesmo essenciais para o funcionamento da sociedade, esses trabalhos seguem desvalorizados e informalizados.

Se nos anos 1980 o Brasil era um dos grandes centros de concentração operária do mundo, hoje se transformou num dos grandes centros de motoristas de aplicativo, entregadores e influenciadores digitais. Segundo estudo do Cebrap, entre 2022 e 2024, cerca de 2,1 milhões de pessoas atuavam como motoristas ou entregadores por meio de plataformas digitais. Já uma pesquisa da Nielsen, divulgada pelo portal Consumidor Moderno, mostra que o Brasil lidera o ranking mundial de influenciadores digitais no Instagram, com mais de 500 mil pessoas trabalhando nessa função. Esses dados expressam uma reconfiguração profunda da classe trabalhadora brasileira.

Essas mudanças reconfiguram a classe trabalhadora e seus modos de organização. Como já previu Marx, o capitalismo concentra riqueza e pobreza, ao mesmo tempo em que produz as condições para sua superação. No entanto, o neoliberalismo fragmentou o trabalho, aprofundou a exploração e expropriações, assim como esvaziou os espaços tradicionais de organização de classe. Dessa forma, é notório o papel cumprido pelas big techs, crime organizado e teologias da prosperidade na radicalização desses processos.

Nesse cenário, o território ganha centralidade como espaço onde se expressam as contradições do capitalismo dependente, mas também da resistência e da construção de alternativas. Como afirma Sposati, o território não é apenas uma base física, mas construção social e política onde se moldam as políticas públicas.

Superar o atual modelo exige uma transição da economia precária de sobrevivência — controlada por grandes conglomerados e sustentada pela ideologia do empreendedorismo — para uma economia popular articulada à organização coletiva e ao Estado. Trata-se de uma tática necessária diante da dependência e da precarização, mas também parte de uma estratégia maior: Fortalecer o poder popular é construir novos projetos nacionais de desenvolvimento

Movimentos populares como o MST, MTST, MAB, MPA, Levante Popular da Juventude, Mãos Solidárias e MBP têm construído experiências que combinam organização social, ação institucional e disputa de projetos. Ao lado de experiências latino-americanas similares, elas sinalizam a possibilidade de uma via latino-americana de poder popular no século 21 — articulando luta social, ação técnica, institucionalidade e confrontos ideopolíticos.

Disputar o desenvolvimento nacional em um país marcado pela informalidade e desigualdade estrutural exige articular políticas sociais, organização popular e novos projetos econômicos que rompam com a lógica da acumulação neoliberal — e que inaugurem outras formas de produção e reprodução da vida.

Editado por: Rodrigo Durão Coelho
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Notícias relacionadas

Precarização

‘Tarifa dinâmica’ da Uber cobra mais de cliente e paga menos a motorista, aponta estudo britânico

ENTREVISTA

Miguel Arroyo: conheça as ideias de um dos maiores pesquisadores da educação do Brasil

RÁDIO

Programa Brasil de Fato: conheça o livro “Os Sem Terrinha: uma luta social no Brasil”

Manifestação

Entregadores denunciam ‘escravidão moderna’ na porta de evento do iFood com ingressos a R$ 1 mil

Veja mais

ANÁLISE

Movimentos mostram alternativa de poder popular na América Latina ao unir luta social, ação técnica e disputa política

Em cartaz

Espetáculo OLGA, da Companhia Ensaio Aberto, estreia temporada no Rio de Janeiro até setembro

O REVIDE E O FUTURO

Guilherme Boulos realiza aula pública e lança livro no Recife, nesta quinta-feira

CIDADANIA

Mulheres indígenas apresentam 49 propostas para orientar políticas públicas no governo Lula

violação de acordos

Retirada de indígenas de área estadual em Viamão, proposta por Eduardo Leite, motiva audiência pública no RS

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.