O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (12) que o governo brasileiro criará uma linha de crédito emergencial de R$ 30 bilhões para socorrer empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço dos EUA contra as exportações brasileiras para o mercado estadunidense. A linha de crédito será parte de um pacote de reação do governo ao tarifaço, que será anunciado na quarta-feira (13).
“Amanhã [na quarta-feira], eu vou assinar uma Medida Provisória que cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas brasileiras que porventura tenham sido prejudicadas pela taxação do Trump”, afirmou Lula, em entrevista à rádio BandNews.
Segundo Lula, a linha de crédito será voltada a atender principalmente pequenas empresas, já que “as grandes têm mais poder de resistência”. Será acompanhada também de um programa de compras governamentais de produtos nacionais que deixaram de ser exportados para os EUA por conta do tarifaço, de uma iniciativa de inclusão de conteúdo nacional na compra de estatais e de esforços para abertura de novos mercados.
Lula disse também que o governo vai cobrar das empresas beneficiadas a manutenção do emprego dos seus trabalhadores. Não detalhou como isso será feito. Reforçou que a reação do Brasil seguirá o lema de seu governo: “ninguém solta a mão de ninguém.”
O governo federal já enviou a empresários um convite para cerimônia de assinatura da MP, que deve ocorrer às 11h30, no Palácio do Planalto. Lula não deu detalhes do evento na entrevista. Adiantou que foram convidados os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que ambos conheçam o conteúdo do programa e trabalhem por sua aprovação.
Lula também disse que o governo estuda se vai retaliar os EUA pela imposição de uma tarifa de 50% para exportação de produtos brasileiro para o mercado estadunidense. O presidente afirmou que avalia assunto com cuidado para que a retaliação não prejudique a economia brasileira. “Não quero fazer bravata”, afirmou.
Segundo o presidente, 25% da exportação brasileira já foi destinada aos EUA no passado. Hoje, são 12%; 4% estão afetadas pelo tarifaço.
Considerando esses dados, Lula afirmou que o tarifaço é ruim, mas não deixa de ser contornável. Ele disse que segue disposto a negociar com o presidente Trump um alívio às tarifas, mas ressaltou que não vê disponibilidade de Trump para conversar.
Regulação das big techs
Lula afirmou na entrevista que também na quarta, às 15h, tem uma reunião marcada com seus ministros para definir detalhes finais de uma proposta para regulamentação das grandes empresas de tecnologia que operam as redes sociais, as big techs.
Segundo ele, o tema é discutido há dois meses na Casa Civil. Está praticamente pronto, portanto, para ser levado ao Congresso Nacional.
“Nós vamos regulamentar. É preciso criar o mínimo de procedimento de redes que falam com crianças, com velhos, sem o mínimo de controle”, afirmou o presidente.
Lula citou a denúncia de exploração de crianças na internet feita pelo influenciador Felca como mais um motivo para regulamentação. Afirmou que, independentemente da origem da rede social, ela terá de obedecer às regras brasileiras para operar no Brasil.
“Toda e qualquer empresa estrangeira que quiser operar aqui vai ter que respeitar as leis do Brasil. Tem um jeito de não ser regulado: não venha para o Brasil”, declarou.
Proposta para COP30
Lula também falou das suas expectativas para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, em novembro. Para ele, ela será a “melhor COP”. “Sabemos fazer do nosso jeito: sem luxo, mas com seriedade, carinho, muita harmonia”, disse.
O presidente disse que o Brasil apresentará na conferência uma proposta para a criação de uma tarifa cobrada de países ricos para o financiamento da manutenção de áreas de floresta em países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
Lula disse que convidou Trump para a COP30 nesta semana, por carta.