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ARTIGO

Adultização infantil e erotização da sociedade de consumo: o alerta que veio das redes

Vídeo publicado pelo influenciador Felca provocou debates nas manchetes da imprensa nacional

13.ago.2025 às 18h58
Porto Alegre (RS)
Anderson Barcelos Martins
Após vídeo de Felca sobre sexualização infantil, Hugo Motta diz que pautará assunto na Câmara

Felca critica os responsáveis por crianças e adolescentes e as plataformas digitais pela exploração infantil - Reprodução/Youtube/Felca

Recentemente, um vídeo publicado pelo influenciador Felipe Bressanim Pereira, o Felca, trouxe à tona um tema que, até então, circulava quase restrito aos círculos acadêmicos e aos profissionais de educação, psicologia e assistência social: a chamada “adultização das infâncias”. Em poucas horas, a postagem não apenas viralizou, como também provocou debates nas manchetes da imprensa nacional e em rodas de conversa país afora.

O mérito de Felca foi dar visibilidade, com a força de um conteúdo digital bem articulado, a uma questão tão delicada quanto urgente – que toca, direta ou indiretamente, famílias, escolas, políticas públicas e plataformas digitais.

Mas, antes de tudo, é preciso dizer: um corpo não é apenas um corpo. Ele é, também, o seu entorno. Mais do que músculos, ossos e órgãos, um corpo é vestido, adornado, modificado, narrado e interpretado. É a roupa que o envolve, os acessórios que o distinguem, as marcas e intervenções que nele se operam, os gestos que nele se educam. É imagem, é silêncio, é memória visível. Não são as semelhanças biológicas que definem o corpo, mas os significados sociais e culturais que nele se inscrevem.

Nesse sentido, a professora Jane Felipe, que atuou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), contribuiu para o debate ao cunhar o conceito de “scripts de gênero”: roteiros sociais que prescrevem condutas, desejos e atributos esperados de homens e mulheres. Esses scripts não são neutros nem universais; são produtos de uma sociedade que se pretende hegemônica e que busca impor padrões. Rompê-los, modificá-los ou escrever novos roteiros pode significar enfrentar sanções e discriminações.

No caso das mulheres, por exemplo, esses scripts frequentemente incluem a erotização de seus corpos como atributo naturalizado, reforçado diariamente por múltiplos meios, especialmente na lógica neoliberal de consumo.

Erotização precoce: o sintoma mais visível

É aqui que a discussão sobre a chamada “adultização da infância” se torna mais complexa. O problema não é o fato de ser adulto – a vida adulta em si não é algo negativo – mas o processo pelo qual uma criança é empurrada para papéis, responsabilidades e vivências que deveriam estar fora de seu tempo. Isso pode acontecer de várias formas: pelo trabalho e exploração infantil, pela negligência e violência parental, pela exposição precoce ao luto ou pela alienação afetiva.

Desse modo, não concordo com a redução da “adultização” que vem sendo empregado em larga escola, no atual momento. No caso em pauta, o foco é mais específico: trata-se da erotização dos corpos infantis em nossa sociedade de consumo, ou, para usar um termo mais direto e perturbador, de uma pedofilização.

Esse fenômeno se expressa em diferentes frentes: ensaios fotográficos sensuais com modelos segurando bichos de pelúcia ou usando uniformes escolares; campanhas publicitárias que sexualizam meninas; e a infantilização deliberada de mulheres, produzindo um imaginário confuso e perigoso sobre desejo e consentimento.

A erotização de corpos infantis não apenas banaliza o assédio como também dilui a gravidade da pedofilia, transformando um crime em estética comercializada. É inevitável reconhecer que as infâncias são atravessadas por desejos e também por esses scripts de gênero, que prescrevem comportamentos antes mesmo que as crianças possam questioná-los.

Hoje, esse processo é amplificado exponencialmente pelas redes sociais, que se consolidaram como canais de disseminação dessa erotização – ao mesmo tempo em que conectam, silenciosamente, redes criminosas que representam riscos reais à segurança física e virtual de crianças.

O debate se aproxima, aqui, de outra questão que venho defendendo em diferentes frentes, inclusive no caso do ataque à Escola de Estação (RS), em 8 de julho de 2025: as redes sociais são as ágoras da modernidade, praças digitais onde circulam discursos de ódio, violência, pornografia, erotização e crime.

E, como em qualquer espaço público, não há neutralidade. Plataformas digitais operam com algoritmos sofisticados, capazes de mapear interesses, segmentar públicos e potencializar conteúdos – como o próprio Felca demonstrou em seu vídeo. Não estamos diante de espaços ingênuos, mas de arenas onde a atenção é moeda e onde o choque e o tabu geram engajamento.

Nesse cenário, falar em “responsabilização das plataformas” deixa de ser apenas pauta regulatória e passa a ser questão de segurança pública. Enquanto empresas de tecnologia não forem responsabilizadas pelo que circula em seus domínios, enquanto não houver mecanismos efetivos de controle e vigilância, permaneceremos expostos a verdadeiros laboratórios de crueldade, violência e erotização.

A repercussão do vídeo de Felca foi, portanto, mais do que um momento viral: foi um convite para que sociedade, governo e plataformas revisitem seus papéis na proteção das infâncias. A “adultização” – ou, mais precisamente, a erotização precoce – não é um desvio isolado, mas o sintoma visível de uma cultura que naturaliza roteiros de gênero nocivos e que transforma até mesmo o corpo infantil em mercadoria.

O alerta foi dado. Agora, resta saber quem vai ouvir e, mais importante, quem vai agir.

* Anderson Barcelos Martins é Doutorando e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEDU/Ufrgs)

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Katia Marko
Tags: big techseducaçãoinfância e adolescência
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