O Movimiento al Socialismo (MAS), partido que governou o país durante quase 20 anos sob a liderança de Evo Morales e Luis Arce, ficou sem representação no Congresso Nacional, depois de duas décadas de domínio absoluto da política do país, segundo levantamento da Captura Consulting, divulgado pelo jornal El Deber.
O Partido Democrata Cristão (PDC), liderado por Rodrigo Paz, será a principal força no Senado, com 15 cadeiras. Em seguida aparece a Aliança Libre (Liberdade e Democracia), de Jorge “Tuto” Quiroga, com 12 cadeiras. A Aliança Unidad, de Samuel Doria Medina, conquistou oito vagas e o APB-Súmate, de Manfred Reyes Villa, apenas um assento. O MAS, assim como outras siglas menores, não conseguiu eleger senadores.
Na Câmara de Deputados, a derrota também foi devastadora para os ex-governistas. O PDC obteve 51 parlamentares, enquanto a Libre conquistou 43 e a Unidad garantiu 22. Mais uma vez, o MAS ficou fora do jogo, sem conquistar sequer uma cadeira.
O novo Congresso boliviano terá, portanto, um arranjo político centrado na disputa entre PDC e Libre. Juntas, essas duas forças controlam a maioria relativa tanto no Senado quanto na Câmara. No entanto, para aprovar leis e reformas que exigem dois terços dos votos, será indispensável a formação de alianças mais amplas.
Essa configuração indica que o próximo período legislativo será marcado por negociações constantes, já que nenhum grupo político conseguiu hegemonia plena.
A exclusão do MAS do parlamento representa não apenas a perda de influência legislativa, mas também o fim simbólico de uma era. Depois de quase duas décadas dominando a política boliviana, o partido que nasceu da força dos movimentos indígenas e camponeses se vê reduzido à irrelevância institucional, em meio a disputas internas, denúncias de corrupção e desgaste econômico.
O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) deve divulgar o resultado oficial da eleição boliviana no início da próxima semana.