A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá investigar os descontos indevidos em benefícios de aposentados do INSS foi instalada nesta quarta-feira (20) e vai impor alguns desafios ao governo. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi escolhido como presidente por 17 votos, derrotando o senador Omar Aziz (PSD-AM), representante da base governista, que ficou com 14 votos. O relator será o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil Atual, o cientista político Jorge Folena afirma que a conjuntura deverá forçar o governo a atuar de forma mais contundente junto ao Congresso.
“Apesar de o governo não ter o controle, também não é o fim do mundo na política. Vão ter dificuldades, óbvio, mas vai ter que haver enfrentamento. Agora cabe ao governo, que é minoria, ter os seus parlamentares – senadores e deputados – mais efetivos, fazendo esse enfrentamento no Parlamento”, ponderou Folena.
Para o cientista político, a comunicação do governo Lula também deve agir de forma mais objetiva, discriminando quais são os pontos da CPMI e quais as ações realizadas em relação ao tema. “Será necessário ter o embate dentro da CPMI e, paralelamente, o governo, na área de comunicação, explicitar para o povo brasileiro o que se passou. Isso tem que ser feito de maneira efetiva, com mais atenção daqui para frente. É esse o enfrentamento que terão à frente”, avaliou.
A solicitação de criação da CPMI foi apresentada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT). No pedido, as parlamentares ressaltaram que as investigações da Polícia Federal e da CGU, apontaram a existência de um esquema de cobrança de mensalidades não autorizadas em benefícios de aposentados e pensionistas.
Frente Ampla e 2026
A pouco mais de um ano das eleições de 2026, a movimentação em Brasília dá indícios de uma reorganização da frente ampla, mas conduzida a partir de interesses individuais. “Não vai ser fácil a eleição do ano que vem. Mas esses partidos, PP e Republicanos, não estão apoiando efetivamente o governo do presidente Lula. O que temos são um ou outro deputado ou senador que apoiam diante de vários interesses: interesses na popularidade do governo, em emendas orçamentárias, em cargos – aquela parte pragmática, infelizmente, da política brasileira. Mas dizer que esses partidos, essas federações, apoiam o governo do presidente Lula, não apoiam e nem apoiarão”, defendeu.
Para o cientista, o presidente deverá continuar agregando apoiadores do campo progressista e mais à esquerda do espectro político. Ao mesmo tempo, a direita e a extrema-direita ainda não têm uma candidatura “à altura” ou com capital político. “O candidato da direita é Tarcísio de Freitas. Mas qual o capital que o Tarcísio de Freitas tem para ser candidato a presidente da República? Eu até tenho dúvidas se ele terá capital para ganhar uma eleição em São Paulo”, questiona Folena.
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