Organizações de imprensa de mais de 50 países participam de uma mobilização internacional para denunciar os crimes cometidos contra jornalistas no território palestino de Gaza. O Brasil de Fato se une à iniciativa, que convoca veículos a adotarem ações editoriais para chamar atenção para a crise.
Segundo dados da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), que organiza a ação, mais de 210 jornalistas foram mortos pelo exército israelense desde o início das operações militares, há quase 23 meses. Desses, pelo menos 56 foram intencionalmente alvos ou atingidos enquanto exerciam a profissão.
Levantamento da Universidade Brown, dos Estados Unidos, aponta que foram 246 assassinatos de jornalistas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023. O genocídio cometido por Israel ocupa a posição de campanha militar mais letal para profissionais da área em toda a História.
“Afirmamos de forma clara e firme: no ritmo em que jornalistas estão sendo mortos em Gaza pelo exército israelense, em breve não haverá ninguém para manter vocês informados”, alerta Thibaut Bruttin, diretor-geral da RSF em comunicado conjunto com a Avaaz, parceira na mobilização.
Marcado para esta segunda-feira (1º), o ato ocorre poucos dias depois de um ataque israelense que atingiu um prédio no complexo médico al-Nasser, conhecido local de trabalho da imprensa. Cinco pessoas morreram, incluindo profissionais de veículos locais e internacionais. Em 10 de agosto, outro ataque matou seis repórteres.
A situação é agravada pela recusa das autoridades israelenses em conceder acesso independente a jornalistas de fora de Gaza. O movimento denuncia ainda que os profissionais locais, que estão em melhor posição para cobrir os fatos, enfrentam deslocamento e fome.
Frente ao vácuo nas informações e à dificuldade de cobertura imparcial dos ataques, a mobilização exige a abertura das fronteiras de Gaza para que jornalistas internacionais possam atuar no território. “Rejeitamos essa mortal ‘normalidade’ que, semana após semana, impõe ao mundo novos crimes contra jornalistas palestinos”, afirma Bruttin.
A RSF tem atuado em diversas frentes para exigir o fim da impunidade dos crimes contra jornalistas em Gaza. A organização apresentou quatro queixas ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra. Além disso, presta apoio material, profissional e psicológico para jornalistas palestinos em campo.
Desde o início dos ataques, o BdF condena o genocídio em Gaza e defende o livre exercício da imprensa. Em compromisso com a garantia dos direitos humanos, o veículo não se limita a denunciar a violência, também amplifica vozes de solidariedade ao povo palestino e que exigem posicionamento das lideranças mundiais.