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GAUCHISMO

A esquerda sul-riograndense e a cultura gauchesca: superar incompreensões e preconceitos (Parte 3)

Pela oralidade, imitação, arte e por outros meios, vários elementos tradicionais chegaram ao presente

09.set.2025 às 08h48
Atualizado em 10.set.2025 às 00h02
Porto Alegre (RS)
Nandi Barrios
População negra do Rio Grande do Sul que se identifica com o gauchismo é crítica com a sonegação de parte da história do seu estado

População negra do Rio Grande do Sul que se identifica com o gauchismo é crítica com a sonegação de parte da história do seu estado - Fotos: Divulgação/Piquete Lanceiros Negros Contemporâneos

Como mencionado, a cultura gauchesca (expressão histórica e cultural de um grupo social especifico) ultrapassou simbolicamente os limites geográficos do Pampa, bem como, perpassou no tempo (perto de 400 anos), chegando até nossos dias. Evidente que interagiu com as demais culturas que compõem a diversidade cultural gaúcha, platina, latina e de outros estados brasileiros. Também, como tradição e cultura viva/dinâmica, acompanhou as transformações sócio-econômicas, tecnológicas e históricas. Como sintetiza o “Tambo do Bando”, manteve o pé no galpão (territorialidade, pertencimento, identidade) e a cabeça na galáxia (atualidade, universalidade).

Desta maneira, pela oralidade, imitação, arte e por outros meios, vários elementos tradicionais chegaram ao presente. Nos campos, povoados, arrabaldes, assentamentos, acampamentos do MST, cidades, etc. Fazem parte da vida do povo o chimarrão, churrasco, arroz de carreteiro, puchero, fogo de chão, poncho/pala, bombacha, lidas campeiras, vocábulos típicos, bolicho, carreira, truco, cantorias, danças, trova, pajada, causos e tantas outras manifestações da cultura gauchesca.

Para facilitar a percepção da presença da cultura gauchesca na vida dos(as) sul-rio-grandenses, listamos a seguir conhecidos autores/artistas da literatura, música, charges, cinema, teatro e artes plásticas com produções enraizadas na cultura gaúcha, não limitados aos bretes do tradicionalismo: Tabajara Ruas, Eduardo Trevisan, Loma, Sergio Rojas, Simões Lopes Neto, Tambo do Bando, Humberto Zanata, Santiago, Su Paz, Cyro Martins, Sirmar Antunes, Noel Guarani, Martin Coplas, Maria Luiza Benites, Erico Verissimo, Aparicio Silva Rillo, Demétrio Xavier, Oliveira Silveira, Emily Borghetti, Jayme Caetano Braun, Cenair Maicá, Florisnei Thomaz, Pedro Ortaça, Oristela Alves, Almôndegas, Raul Ellwanger, Borguetinho, Mauro Moraes, Clarisse Ferreira, Bebeto Alves, Yamandu Costa, Vitor Ramil, Cezar Passarinho, Shana Müller, Os Tapes, Ciro Ferreira, Danúbio Gonçalves, Fátima Gimenez, Chicão Dornelles, Bagre Fagundes, Aureliano de Figueiredo Pinto, Liane Schuler, Antônio Gringo, Vasco Prado, Araci Esteves, Luiz Sergio Metz (Jacaré) e tantos outros(as).

Uma vez compreendida a presença histórica e atual, a legitimidade, a popularidade da cultura gauchesca e a qualidade da arte produzida a partir das suas raízes, entendemos que os partidos de esquerda devem valorizar e trabalhar para sua visibilidade dentro da diversidade cultural do Estado.

Arrancar a tradição das mãos do tradicionalismo

O pesquisador e professor de literatura Fischer (2016), lembrando Walter Benjamin, evoca a necessidade de “constantemente arrancar a tradição das mãos do conservadorismo”, referindo-se ao tradicionalismo.

Antes de tratar do tradicionalismo é necessário registrar que a gênese da cultura gauchesca ocorreu em ambiente colonial patriarcal escravocrata e, como demostra Leal (2021), centrada no masculino: “o gaúcho”. Desta forma, carrega concepções conservadoras e discriminatórias, como ocorre em outras culturas, por exemplo, a do “vaqueiro nordestino”, que se orgulha de ser “cabra macho”, enfim valores conservadores presentes em nossa sociedade.

Cabe a nós e aos demais atores presentes na cena gauchesca, questionar e rechaçar o machismo, racismo e discriminações de classe social e de pessoas LGBTQIA+. O que tem sido feito, como no festival “Peitaço da Composição Regional”, organizado por mulheres (Shana Müller, Fátima Gimeneze outras), onde participam somente mulheres (numa contraposição a “Barranca”, festival exclusivo de homens), objetivando maior protagonismo de mulheres compositoras/cantoras na música regional gaúcha.

Voltando ao tradicionalismo, já foi explicitado que o conservadorismo e a ideologia das classes dominantes são suas bases, alimentando preconceitos. No entanto, é necessário reconhecer que este movimento envolve milhões de gaúchos/as, o que decorre das seguintes condições: a) Credibilidade junto a sociedade, construída ao se apropriar de elementos da cultura gauchesca, aliado a necessidade dos indivíduos de pertencimento a determinado grupo/cultura; b) Capilaridade e uniformidade, proporcionada pelo modelo organizacional (regras rígidas e CTGs filiados, constituídos em qualquer lugar); c) Apoio das classes dominantes, retribuído com pregações e simbologias (patrão/patroa, exaltação da estância/propriedade privada); d) Inserção na estrutura estatal; e) apoio das empresas de comunicação local.

Estas condições permitem significativa penetração nas classes populares. Imperioso reconhecer que em muitas vilas pobres o CTG é o único espaço com infraestrutura para convivência e organização da comunidade. Além dos bailes e eventos regrados, estas entidades abrigam festas de casamento e de aniversário, “chás de fralda”; apresentações artísticas de outras matrizes culturais; reuniões do time de futebol, da associação comunitária e do clube de mães.

Também os CTGs, com seus bailes, jantares/almoços, oficinas/cursos de danças, são importantes espaços de trabalho e divulgação (“mercado cultural”) para músicos, compositores, cantores, conjuntos musicais, produtores, operadores de som, iluminadores, professores de dança, dançarinos, que mesmo não alinhados ao tradicionalismo labutam nestes centros.

Como todo fenômeno social, o tradicionalismo apresenta contradições e mesmo impondo regramentos está sujeito a questionamentos, conflitos e dissidências. Brechas a serem aproveitadas para a disputa, tendo como referência não seus diretores/ideólogos, mas a sua base popular. Na sequência algumas situações destas tensões, sem considerar aspectos estéticos.

As transgressões de Berenice Azambuja, que nem o MTG conteve, se apresentado nos CTGs de chiripá, executando a dança dos facões e a chula, consideradas danças masculinas. Os grupos “Tchê” (década de 1990), com suas “vaneiras swingadas”, sendo criticados pelo MTG e proibidos de tocarem nos CTGs; a criação (final da década de 1990), pelo grupo de danças do CTG Aldeia dos Anjos (Gravataí) de coreografias baseadas em maçambiques e quicumbis do Litoral Norte, provocando contrariedades de tradicionalistas. A cerimônia coletiva de casamento promovida (2014) no CTG Sentinela do Planalto (Santana do Livramento) contando com um casal homo-afetivo, resultando no seu galpão in­cendiado ao estilo Ku Klux Klan tradicionalista. A parceria entre o CTG Guardiões do Rio Grande (Restinga/POA) e integrantes de religião afro-gaúcha para a “gira solidária”, entre outras

Frente a estes episódios é comum ativistas da esquerda concentrarem suas críticas no MTG, sem maiores considerações sobre os sujeitos promotores destas iniciativas que destoam do movimento. É obvio que o tradicionalismo e seus reacionarismo tem de ser criticados, mas dialogar com os sujeitos dos CTGs que questionam seus princípios, é justo e faz parte da disputa. Parafraseando Olívio Dutra, por uma fresta, abre-se uma brecha, que pode virar um caminho.

Obrigatório abordar também o “Acampamento Farroupilha” de Porto Alegre, que surgiu em função do “desfile farroupilha”, mas, ao contrário do divulgado, não foi criado pelo MTG. Nele participam piquetes filiados ao MTG; não filiados ao MTG, uns influenciados pelo tradicionalismo e outros totalmente independentes, alinhados com a cultura gauchesca, como: Estrela Gaudéria, Pelo Escuro, Sindicato dos Bancários, Mocambo (quilombo), Tchê Gurias, entre tantos outros piquetes vinculados a empresas estatais ou privadas, diversas categorias profissionais, famílias de desgarrados das cidades do Estado que se reencontram na Capital.

Em edições do acampamentos já presenciamos atividades culturais com raízes gauchescas, diversas e provocadoras de reflexões, como:   Painel – “Guerrilheiros: Honório Lemes – Diógenes de Oliveira”; Roda de conversa “Mulheres que fazem a revolução”; Feijoada Pachecônica; “Milonga reversa”, música e literatura; apresentações musicais com Florisnei Thomaz, Liane Schuler, Ciro Ferreira, Demétrio Xavier e Grupo Sikuris; Recitação de poesias de Oliveira Silveira, pelo ator Paulo Caetano; Lançamento/apresentação dos livros “Entrevero Literário” (Nandi Barrios), “Campereadas – Coração de Pandorga” (Paulo Mendes), “Cadernos de DESdENHO” (Santiago) e “Sinais de fumaça” (Jonas Dornelles); Divulgação das casas de resistência e cultura Diógenes de Oliveira e Dionélio Machado, Julgamento do General David Canabarro, por ato de traição no Massacre de Porongos, Diálogo entre Gauchismo e Tradições de Matriz Africana através da gastronomia; Homenagens a Oliveira Silveira, etc.

Finalizando

E assim vamos peleando, promovendo a popular cultura gauchesca e arrancando nacos da cultura tradicional das mãos do tradicionalismo, empreitada que, entendemos, deve ser assumida pela esquerda.

*Este artigo foi publicado em três partes.

>> A esquerda sul-riograndense e a cultura gauchesca: superar incompreensões e preconceitos (Parte 1)

>> A esquerda sul-riograndense e a cultura gauchesca: superar incompreensões e preconceitos (Parte 2)

**Nandi Barrios é engenheiro florestal, com trabalhos em comunidades quilombolas e indígenas.

***Este é um artigo de opinião e não representa necessariamente a linha editorial do Brasil do Fato.

Referências

– Knierim, Claudio. Apontamentos sobre gauchismo e cultura gauchesca (2024).

– Barrios, Nandi. Apontamentos sobre cultura gauchesca (2024).

– Golin, Tau. O Povo do Pampa (1999).

– Santos, José Luis dos. Q que é cultura (1983).

– Leal, Ondina Fachel. Os Gaúchos – Cultura e identidades masculinas no Pampa – trabalho etnográfico, tese de doutorado/1999 (2021).

– UNESCO. Recomendação Sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular. 25ª Conferência Geral da Unesco, Paris (1989).

– Necch, Vitor. Entrevistas com Luís Augusto Fischer, Jocelito Zalla   e Maria Eunice Maciel. Revista do Instituto Humanistas UNISINOS, n.493 (2016). 

– Ferreira, Clarissa. Gauchismo liquido (2023).

Editado por: Vivian Virissimo

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