Soberania e anistia foram as duas palavras mais ouvidas nos últimos dias nas ruas, redes, bares, casas e redações jornalísticas do Brasil — ao mesmo tempo em que o país tenta se proteger e responder ao ataque comercial (e imperialista) do governo de Donald Trump.
Para o próprio presidente Lula, “a imposição de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições. Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos”. O colunista do Brasil de Fato Paulo Nogueira Batista Jr sentencia que Trump enterrou a arquitetura comercial internacional dos Estados Unidos.
As manifestações do 7 de setembro, sobretudo as da direita, devem marcar o início de um novo ciclo aglutinador que, provavelmente, se estenderá até as eleições de outubro de 2026. Chama atenção o aprofundamento da postura bolsonarista do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos): não há mais como tergiversar sobre ele ser um político de centro-direita. De acordo com a cientista política Tatiana Chicarino, ele está no centro do espectro da extrema direita.
Para a esquerda, o 7 de setembro marcou novamente a defesa da soberania e da democracia no Brasil. Também há uma batalha em curso na Corte judicial, no Parlamento e, mais uma vez, nas ruas em torno da condenação de Jair Bolsonaro e da anistia aos golpistas contemporâneos. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve determinar até sexta-feira (12) o veredito.
O filho do ex-presidente João Goulart, em entrevista ao Conversa Bem Viver, foi taxativo ao afirmar que a proposta de anistia enviada ao Congresso foi feita para salvar os “delinquentes de uma família”, se referindo, obviamente, ao clã Bolsonaro.
Já nos pormenores do julgamento que para o Brasil durante essa semana, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a defesa do réu age “beirando a má-fé”. E o fato principal é que Bolsonaro pode ser condenado ainda esta semana.
Para Lênio Streck, jurista ouvido pelo Brasil de Fato, a pena de Bolsonaro dever ser maior do que a dos outros réus e a dosimetria pode gerar debates e expor as divergências da Corte. “Claro que a pena dele [Bolsonaro] será maior. Tudo isso vai depender de como ele será condenado. Talvez [a condenação] possa até passar de 30 [anos]”.
Futuro da direita
Algo que todos nós estamos nos perguntando é: como será o comportamento da extrema direita com Bolsonaro na cadeia? Para Juliano Medeiros, analista político e integrante do Psol, a direita seguirá forte e contando com “novas lideranças” como Michele Bolsonaro e Nikolas Ferreira.
É fato que o julgamento da trama golpista rompe com décadas de impunidade em casos de ataques à democracia e temos a possibilidade de cultivar esse legado. A punição à tentativa golpista de Bolsonaro e seus correligionários é benéfica para a democracia, além de uma lição para o jornalismo, por vezes declaratório, que media e ainda se proclama imparcial — em pleno 2025. Sem democracia, não há livre exercício do jornalismo, esse é um lembrete sempre importante.
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