Na manhã deste sábado (13), militantes e ativistas solidários à causa do povo palestino se reúnem na Praça do Derby, área central do Recife, para uma manifestação pedindo o fim do bloqueio militar e econômico imposto pelo Estado de Israel contra o território da Palestina. O ato tem concentração marcada para as 9 horas da manhã e deve realizar caminhada de um quilômetro até o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife, que fica no bairro da Boa Vista.
A assistente social e professora Soraia de Carvalho, docente na UFPE e integrante do Comitê de Solidariedade à Palestina em Pernambuco, explica por que o Consulado dos EUA é um ponto de protesto. “Sabemos que o que está acontecendo em Gaza não é motivado por religião, mas por interesses econômicos, tendo os Estados Unidos como parte disso”, diz ela. Durante as últimas manifestações da esquerda no centro do Recife, a Secretaria de Defesa Social (SDS) do Governo de Pernambuco tem mantido viaturas da Polícia Militar em frente ao prédio consular.
O protesto, chamado de Marcha Global para romper o cerco a Gaza, pede ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que rompa definitivamente as relações com Israel e interrompa o fornecimento de petróleo brasileiro para o país. Segundo os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a venda do óleo do Brasil para Israel cresceu em 2024, chegando a 2,9 milhões de barris, totalizando US$ 215,9 milhões, um aumento de 51% em comparação a 2023.
Mas após a sociedade civil acusar o governo brasileiro de abastecer a máquina de guerra israelense e o presidente Lula criticar Israel, as vendas de petróleo brasileiro para Israel zeraram em 2025. Ainda houve a compra de US$ 325,2 mil em derivados (óleo combustível e minerais betuminosos) por parte da nação judaica. Os dados são da Comex Stat, sistema do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Devido as rusgas públicas entre Lula – que critica o genocídio em curso no território palestino – e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu – que declarou o presidente brasileiro persona non grata em Israel -, as relações entre os países azedaram. O episódio mais recente foi o Brasil ter ignorado a indicação de um embaixador de Israel para o país, levando Netanyahu a desistir de ter um diplomata no Brasil.
Outro ponto da manifestação no Recife é o apoio à Flotilha Global Sumud, composta por ativistas e organizações de diversas nações e que abastecem pequenos barcos com alimentos e tentar chegar ao território palestino, mas que têm sido interceptadas pelo Exército de Israel. Há uma previsão de que um novo grupo da Flotilha se aproxime de Gaza neste sábado (13).
A manifestação é organizada e apoiada por grupos de solidariedade à causa palestina, como o Comitê de Solidariedade à Palestina, a Aliança Palestina Recife e a Articulação Norte-Nordeste pela Palestina Livre; entidades trabalhistas como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a CSP Conlutas, os sindicatos dos professores do Recife (Simpere) e dos servidores do IFPE (Sindsifpe).
Também apoiam o ato no Recife os partidos como a Unidade Popular (UP), o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e os movimentos Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), Quilombo Raça e Classe, Revolução Brasileira e Resistência Popular Pernambuco.
Além do Recife, estão previstas manifestações com a mesma temática em Natal (RN), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo e Ribeirão Preto (ambas em SP), Porto Alegre, Santo Ângelo e Santa Cruz do Sul (todos no RS), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR).