A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de nove integrantes do chamado “núcleo 3″ da trama golpista do entorno de Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Os réus – oito militares e um agente da Polícia Federal – são acusados dos mesmos crimes pelos quais o ex-presidente e seus aliados mais próximos, integrantes do “núcleo 1”, foram condenados.
Em documento enviado nesta segunda-feira (15) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou que os integrantes do “núcleo 3” atuaram para convencer o alto escalão do Exército a aderir ao plano golpista, além de terem monitorado autoridades e planejado ataques contra elas.
“Graças à ação dos acusados, o Alto Comando do Exército foi severamente pressionado a ultimar o Golpe de Estado, autoridades públicas estiveram na mira de ações violentas e forças terrestres foram disponibilizadas aos intentos criminosos”, destacou o procurador-geral.
Os acusados são:
- Bernardo Correa Netto, coronel do Exército, preso na operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal;
- Estevam Theophilo, general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército e supostamente envolvido com carta de teor golpista;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
- Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel do Exército;
- Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel e integrante do grupo “kids pretos”;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército;
- Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal.
Assim como Bolsonaro e os demais integrantes do “núcleo 1”, eles são acusados de terem cometido os crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e deterioração de patrimônio tombado.
Se condenados, os nove podem pegar até 43 anos de prisão cada – o que parece improvável, dado que Bolsonaro, considerado pela Primeira Turma do STF o chefe da organização criminosa, foi condenado a 27 anos e 3 meses. As defesas dos acusados têm até 15 dias para apresentarem suas alegações finais, antes que o ministro relator, Alexandre de Moraes, libere os casos para julgamento.
A lista de integrantes do “núcleo 3” tinha ainda mais um nome: o tenente-coronel do Exército Ronald Ferreira de Araújo Júnior. Gonet, porém, apontou que não há elementos que comprovem a ligação dele com a organização criminosa, e defendeu que ele seja julgado por incitação ao crime.